Um jovem cabo-verdiano, de vinte e poucos anos, que respondia pelo nome de “Nito”, residente na zona de São Pedro, Cidade da Praia, perdeu a vida na sequência de uma queda do quarto andar numa obra na zona do Palmarejo. Vizinhos da obra dizem ter acionado a Inspecção Geral do Trabalho (IGT) por pelo menos duas ocasiões para denunciar situações de insegurança.
Segundo Adão Cardoso, morador vizinho da obra, o acidente ocorreu por volta das 09h46, quando ouviu um estrondo, seguido de um silêncio e gritos de desespero.
“O problema é que nesta obra todos os dias acontece alguma coisa, ouvimos estrondos frequentemente, mas de hoje foi diferente. Ouvimos o estrondo e depois um silêncio ensurdecedor, seguido de gritos de desesperos dos colegas sobre a queda de alguém”, explica.
Acompanhado por outros vizinhos, Adão deslocou-se à obra e tentaram ajudar o jovem que acabou por não resistir e faleceu no lugar por volta das 10h06.
Bombeiros não responderam
De acordo com a mesma fonte, logo que chegaram ao local tentaram acionar os bombeiros municipais que não responderam à chamada.
Adão diz que foi preciso apelar ao telefone pessoal de um bombeiro conhecido. Quando os bombeiros chegaram no local o jovem “Nito” já estava sem vida.
O corpo foi retirado do local às 11h17.
IGT acionado, mas nunca se fez nada
Ainda segundo Adão Cardoso, em duas ocasiões fizeram denuncias à Inspecção Geral do Trabalho sobre os estrondos frequentes e a falta de segurança naquela obra, sem no entanto terem recebido nenhuma resposta.
Inclusive, diz, a Câmara Municipal da Praia já esteve no espaço a fazer averiguações mas nada foi feito.
Falta de equipamentos de segurança
Como pode ser visto nas fotos, a obra não apresenta qualquer tipo de segurança – não há guarda-corpos, por exemplo – e como constatou a nossa reportagem os outros trabalhadores não utilizavam qualquer tipo de EPI (Equipamento de Proteção Individual).
Segundo dados da IGT, só em 2023 verificaram-se 333 acidentes de trabalho no país, três deles fatais e 70% dos afetados a serem homens. Só em Santiago foram 70 acidentes, ficando apenas atrás de São Vicente com 155 naquele mesmo ano.
O sector com mais acidentes é a Construção Civil, com as quedas em altura.
