O julgamento do agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) suspeito do homicídio do cabo-verdiano Odair Moniz, ocorrido em Outubro do ano passado, começa esta quarta-feira, 22, no Tribunal de Sintra, no distrito de Lisboa (Portugal).
Recorde-se que a sessão de julgamento estava inicialmente agendada para 15 de Outubro, mas foi adiada devido a problemas de saúde do advogado do agente da PSP, conforme noticiado pela agência Lusa.
Na primeira sessão, ora reagendada, deverão ser ouvidas cinco testemunhas, entre as quais moradores da Cova da Moura que afirmam ter presenciado o incidente.
O tribunal dará início à fase de produção de prova, que deverá prolongar-se por várias sessões.
Mais dois polícias constituídos arguidos
Na passada quarta-feira, 15, o Ministério Público constitui mais dois polícias como arguidos, suspeitos de falsidade de testemunho, por alegadas contradições nas declarações prestadas sobre a presença de uma faca no local dos acontecimentos, elemento central na divergência entre as versões apresentadas pela PSP e pelo MP.
O caso
Odair Moniz morreu na Cova da Moura, também no concelho da Amadora (distrito de Lisboa), vítima de dois tiros disparados por um agente da PSP a 21 de Outubro de 2024, numa perseguição policial.
A PSP referiu na altura que o homem se pôs “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.
Segundo a acusação do Ministério Público, o cabo-verdiano de 43 anos tentou fugir da PSP e resistir à detenção, mas não se verificou qualquer ameaça com recurso a arma branca, o que contraria o comunicado oficial da polícia.
O agente terá reconhecido durante o primeiro interrogatório na Polícia Judiciária que não foi ameaçado com uma arma branca, ao contrário do que escreveu no auto de notícia.
No passado sábado, 18, os moradores do Bairro Zambujal, na Amadora (Portugal), assinalaram um ano do assassinato de Odair Moniz com a inauguração de um mural dedicado ao mesmo e a outras vítimas da violência policial.
C/ Inforpress
