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Sociedade

Palmarejo/Praia: Moradores mobilizam-se contra centro comercial na praça

Os moradores do Palmarejo, na cidade da Praia, estão contra a construção, pela Câmara Municipal da Praia e um privado, de um centro comercial na praça desse bairro. E para melhor defesa dos seus interesses decidiriam criar uma associação para fazer valer a sua voz junto das autoridades. No rol das suas reivindicações constam a requalificação desse espaço público, construções de infra-estruturas desportivas, culturais e um mercado para a venda verduras, frutas e peixes.
O presidente da Associação dos Moradores do Bairro do Palmarejo (AMBP), Amílcar Silva, afirma que a referida associação, criada a 24 de Março do corrente ano, nasceu para ser uma voz activa do bairro e uma parceira das autoridades na procura de soluções para revolver os problemas “candentes” que há muito tempo afectam o Palmarejo, um dos bairros nobres da cidade da Praia, mas que padece de inúmeros problemas.
Amílcar Silva avança que na assembleia constitutiva, que contou com participação de cerca de 40 associados, foi apontado um conjunto de desafios que os moradores querem que sejam resolvidos o mais breve possível. Contudo, Silva assegura que o desafio, a curto prazo, é organização interna da associação no sentido de dotá-la dos instrumentos de gestão que permita realizar normalmente o seu trabalho. “Na próxima semana vamos dar entrada nos serviços públicos competentes, os documentos necessários para o registo oficial e publicitação da criação da associação, no Boletim Oficial (BO)”, disse ao A NAÇÃO.
Já olhando para as reivindicações dos moradores, Amílcar Silva defende que há uma necessidade premente de um mercado municipal de verduras que sirva, igualmente, para o acolhimento as vendedeiras ambulantes que ficam nas portas dos estabelecimentos comerciais a vender os seus produtos, o que, para além de transmitir uma má imagem de organização e urbanidade, acaba por prejudicar em certos casos, a própria actividade comercial desses estabelecimentos.
O presidente da AMBP aponta ainda a necessidade de construção de infra-estruturas públicas para a prática do desporto, lazer e entretenimento para as crianças jovens e adultos, assim como espaços para receber actividades culturais, designadamente, salas de leitura, música, pintura e outras manifestações artísticas.
Silva chama atenção para o problema da ocupação dos passeios com placas publicitárias, geradores e plantação de árvores de forma arbitrária, colocando em perigo os transeuntes. Assim como o problema dos edifícios inacabados abandonados há anos, constituindo autênticos focos de mosquitos e outros insectos com impacto na saúde pública. E também a questão da poluição sonora nas horas de descanso.
Problemas estes que, no dizer daquele cidadão, agora presidente da AMBP, caso forem resolvidos, ajudarão a tornar a vida bem melhor no Palmarejo. “O bairro cresceu e continua a crescer, infelizmente as autoridades municipais nem sempre deram a devida atenção a este que é um dos melhores bairros da Cidade da Praia. Melhorando o que é preciso melhor, o Palmarejo e os seus moradores terão muito a ganhar em termos de qualidade de vida”, conclui.
Centro comercial, ou centro da discórdia?
Uma dos vários problemas que a Associação dos Moradores do Bairro do Palmarejo (AMBP) quer resolver, o mais depressa possível, é a questão da requalificação da Praça, espaço este que nunca foi concluído. E, na falta de qualificação, acabou por servir para tudo menos para lazer. O local tem sido utilizado como parque de estacionamento e até como mercado improvisado, tipo Sucupira.
Amílcar Silva conta que, em Novembro de 2017, um grupo de moradores chegou a apresentar ao vereador Rafael Fernandes uma proposta de projecto de requalificação da praça, estudo esse realizado por um gabinete de arquitectura sedeado no Palmarejo, amplamente socializado com os moradores e aprovado de forma unânime, mas que a CMP resolveu ignorar.
“Trata-se de um projecto de uma praça moderna, que prioriza espaços verdes e áreas de entretenimento para crianças, jovens, idosos e pessoas portadoras de deficiência motora. E ainda um parque para cerca de 74 viaturas”, explica.
Ainda de acordo com essa fonte, o projecto apresentado foi preterido pela CMP, alegadamente, por questões de ordem financeira. “A Câmara rejeitou a nossa proposta por não termos apresentado elementos que comprovam a nossa capacidade financeira para a execução da obra, como se estivéssemos a concorrer para algum concurso público de empreitada. Ora, é mais do que óbvio que nenhuma associação de moradores, por mais boa vontade que possa ter, está em condições de mobilizar tão elevado recursos financeiros para executar uma obra pública dessa envergadura”, frisa.
Por isso, o presidente da AMBP defende que cabe à CMP, dentro das suas responsabilidades e missão, dotar a cidade e os bairros de infraestruturas públicas sociais. “Os moradores já cumprem com a sua obrigação de pagar anualmente os seus impostos que, entre outras finalidades, visam a realização de infra-estruturas de interesse público”, sublinha.
No entender de Amílcar Silva, o projecto apresentado pelos moradores é economicamente factível, pois o orçamento de execução é inferior a 80 mil contos. “Esse valor está perfeitamente ao alcance da autarquia, não é nenhum favor, é só ver que o Palmarejo rende à CMP em termos de impostos e outras contribuições. Agora, a questão que se coloca é se a praça do Palmarejo constitui, verdadeiramente ou não, uma prioridade para actual equipa camarária”, questiona.
Amílcar Silva assegura que a AMBP está na posse de dados fiáveis que demostram que boa parte dos moradores estão contra a construção de um centro comercial na zona da praça. “Com os indicadores que dispomos, assim que a associação estiver oficialmente legalizada, vamos propor um encontro ao mais alto nível com o Presidente Câmara, levando os nossos argumentos com intuito de encontrarmos uma boa solução para este problema a bem da nossa comunidade e da própria cidade. Estamos confiantes que vamos chegar a uma boa solução, porque este é o nosso desejo. Mais do que ninguém queremos e defendemos a requalificação da praça do Palmarejo. Esta é a derradeira oportunidade para se criar um ‘pulmão verde’ neste bairro e isso não deve ser desperdiçado”, conclui.
SM

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