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Política

Visita de Jorge Carlos Fonseca a Bissau: uns são contra e outros a favor

Para o secretário-geral (SG) do Movimento para a Alternância Democrática – Grupo dos 15 (MADEM-G15), Marciano Silva, Jorge Carlos Fonseca é “sempre bem-vindo à Guiné-Bissau”.

“A visita de Jorge Carlos Fonseca a Guiné-Bissau não tem nada a ver com o processo eleitoral”, indicou aquele dirigente político, acrescentando que a deslocação do Chefe de Estado cabo-verdiano só poderia “encorajar os guineenses a levar o processo com paz e estabilidade”.

“Entendemos que a visita do Presidente da República de Cabo Verde a Guiné-Bissau é uma visita de irmãos de longa data e unidos pela história comum”, precisou, adiantando que o seu partido “está disponível” para receber Jorge Carlos Fonseca na Guiné-Bissau.

A Inforpress contactou, por telefone, a partir da Cidade da Praia, com este dirigente político que disse que a visita do Presidente de Cabo Verde ao seu país “poderá ajudar a reforçar o processo eleitoral guineense”.

O MADEM-G15 não está representado no Parlamento e, de acordo com Marciano Silva, tem “alguns dirigentes que são deputados, mas provenientes de outro partido (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde-PAIGC)”.

Neste momento, prossegue o SG do MADEM-G15, o partido está a ultimar os trabalhos da directoria nacional da campanha, assim como a lista definitiva dos candidatos a deputados.

A Inforpress tentou ouvir também a posição do presidente do PAIGC, o maior partido guineense, sobre uma eventual deslocação de Jorge Carlos Fonseca a Bissau, mas tal não foi possível.

Uma fonte próxima desse partido disse à Agência Cabo-verdiana de Notícias que se trata de uma “matéria que poderá afectar futuras relações entre os dois países”.

“O José Mário Vaz (Presidente da Guiné-Bissau) poderá branquear a sua imagem através dessa visita, o que será malvisto pelos partidos afectados”, avançou a mesma fonte.

A Inforpress tentou ouvir também o secretário-geral do Partido da Renovação Social (PRS), Florentino Mendes, mas todas as tentativas redundaram em fracasso.

Aqui internamente, os dirigentes dos principais partidos políticos não quiseram pronunciar-se sobre o assunto.

Quer o Movimento para a Democracia (MpD-poder) quer o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV-oposição) evitaram pronunciar-se sobre uma eventual visita do presidente em exercício da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) a Guiné-Bissau, neste período pré-eleitoral.

Entretanto, o politólogo cabo-verdiano Daniel Santos entende que não há “motivos consistentes que ponham em causa a boa razão por que Jorge Carlos Fonseca, enquanto presidente em exercício da CPLP, se dispõe a visitar a Guiné-Bissau, caso seja do interesse desta”.

“Uma eventual ida de Fonseca à capital guineense só serviria para prestigiar e credibilizar o processo eleitoral em curso na Guiné-Bissau, não havendo, em nosso entender, lugar para objecções, desconfianças ou fantasmas, que mais parecem a mal-entendidos do que outra coisa séria”, argumentou o comentador político.

No dizer de Daniel Santos, esta visita, a concretizar-se, daria a Fonseca a oportunidade de se inteirar do estado da organização das eleições e de, ao mesmo tempo, contactar, sem excepção, com todos os partidos e actores políticos engajados na campanha eleitoral.

“Como estadista, o Presidente de Cabo Verde sabe que não pode, nem deve pisar linhas vermelhas que o envolvam em actos que cheirem a apoio a este ou aquele ou, pior ainda, a ingerência nos problemas internos da Guiné-Bissau”, sublinhou o comentador político.

O politólogo acredita que Jorge Carlos Fonseca será “bem-vindo a Bissau”, pelo que deve continuar a insistir, por canais político-diplomáticos, na ideia da visita que mais não visa senão contribuir para credibilizar as eleições legislativas de 10 de Março próximo.

“Julgo ser do interesse da comunidade internacional, em particular da CPLP, que as sobreditas eleições decorram em clima de paz, tanto mais que o valoroso povo guineense dele tanto precisa para encontrar os caminhos do desenvolvimento”, concluiu.

Em recentes declarações à imprensa, Jorge Carlos Fonseca deixou transparecer que uma eventual visita dele à Guiné-Bissau teria como objectivo ajudar no sentido da criação de um “ambiente propício” para que haja “eleições tranquilas e transparentes” naquele país.

Disse, ainda, que a sua deslocação a Bissau só tem sentido se não houver objecções por parte dos protagonistas políticos e eleitorais desse país.

As campanhas oficiais para as eleições nesse país da África Ocidental, marcadas para o dia 10 de Março, deverão iniciar-se a 16 de Fevereiro próximo. 

Inforpress

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