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Sociedade

70 anos do Desastre da Assistência: historiador defende Museu das Fomes para perpetuar memória

O Desastre da Assistência é recordado num monumento às vítimas, na rotunda de São Januário, subida do Platô, inaugurado em 2006. O historiador António Correia e Silva defende que o gesto foi uma “boa” iniciativa, mas não descarta a necessidade de outras mais, como um museu sobre as fomes em Cabo Verde. “O desastre é simplesmente um episódio extremo das fomes”, alerta, já que o problema da fome aconteceu em todas as ilhas do arquipélago, durante séculos.

“O holocausto, o genocídio no Ruanda, a deportação escravista são factos horrorosos, mas inspiraram ainda assim museus instrutivos e importantes para a formação da consciência moderna. Pode vir a ocorrer com as fomes”, perspectiva. Afinal, por alguma razão, há quem considere o episódio de 20 de Fevereiro de 1949, na cidade da Praia, o maior sinistro ocorrido em Cabo Verde, comparando-o ao terramoto de 1755 em Lisboa.

Na verdade, como diz António Correia e Silva, ainda há muito a descobrir sobre as fomes e o trágico desastre: Inclusive, entre as diferentes iniciativas previstas para a jornada académica da próxima semana, organizada pela UNI-CV, está uma intervenção de Carla Furtado, que tratou numa tese de mestrado a ligação entre a construção do Bairro Craveiro Lopes e o Desastre da Assistência.

“A construção do Bairro Craveiro Lopes surgiu na sequência e sob o impacto do desastre da Assistência. Houve mobilização de fundos para a sua construção em vários lugares do mundo, já que se entendia que era necessário proteger as famílias dos mortos e feridos”, elucida António Correia e Silva.

Além de intervenções que serão uma espécie de “sinopses” do número especial dedicado às fomes da Revista de Estudos Cabo-verdianos, a jornada compreende ainda uma parte cultural com música, performances e uma exposição. A esta iniciativa da UNI-CV estão associadas a Fundação Amílcar Cabral e o Arquivo Histórico Nacional.

GC

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