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Cultura

Atlantic Music Expo arranca hoje na Praia

Arranca hoje na cidade da Praia mais uma edição do Atlantic Music Expo 2019 (AME) já com desafios para a próxima edição. É que com a saída de um dos patrocinadores e com a redução “substancial” da verba disponibilizada pelo principal patrocinador, a organização do evento teve de cortar nas despesas e já está a preparar dossiers de candidatura a financiamentos externos, para o próximo ano. Mesmo assim, garantem que está tudo a postos para a sétima edição do maior evento de música que se faz em Cabo Verde. Durante quatro dias a organização prevê a presença de 650 participantes entre delegados, artistas e jornalistas.

Augusto “Gugas” Veiga, director-geral do AME, avança que as perspectivas para esta edição são “muito boas”.

“Os artistas selecionados estão com um bom nível, tanto os nacionais como os estrangeiros. Há um interesse muito grande em termos de inscrições de profissionais de várias partes do mundo, por isso perspectivamos ter um número de delegados superior ao ano passado e ainda com mais qualidade, com a participação de grandes festivais e editoras de nível mundial. Vamos ter cá a Universal e a Sony”.

No geral, entre delegados, artistas e jornalistas, a organização estima à volta de 650 participantes. “Mas é um número provisório porque até ao dia da abertura do AME temos inscrições abertas.”

O que estava previsto, na sua primeira edição (2013), ser um festival de cruzamento da música que se faz dos deus lados do Atlântico, acabou por extravasar fronteiras. “O ano passado tivemos pela primeira vez uma delegação chinesa e este ano já temos o Japão. No próximo ano estamos a contar ter cá a Coreia do Sul. Já existe um protocolo com o mercado da música da Coreia do Sul. Por isso, para o ano devemos ter cá uma delegação asiática grande”.

Além dos países habituais da comunidade lusófona e francófona, o evento vai contar com a participação de delegados e artistas de vários países africanos.

Financiamento procura-se

Apesar da grande procura pelo AME por parte dos profissionais e artistas da indústria da “worlmusic”, a organização passa por alguns sufocos financeiros. “No ano passado tivemos uma redução em relação ao orçamento inicial do AME. Trabalhamos praticamente com 50% daquilo que era o orçamento das edições anteriores. Este ano vamos trabalhar praticamente com os mesmos valores do ano passado (16 mil contos). Mas tivemos que reduzir uma parte porque algumas empresas que colaboram connosco reduziram o seu financiamento e houve outra empresa que saiu, mas já tínhamos a consciência que o ano passado era o seu último ano. Então tivemos que nos adaptar”, explica Gugas Veiga.

Uma das medidas tomadas para contenção de despesas foi tercerizar a feira da música. “Antes, subsidiávamos os stands. Para as pessoas eles custavam 50 euros (5.500 escudos), mas o valor real do stand era de 16 mil escudos e nós é que pagávamos os 10.500 escudos. Mas com a redução que tivemos de quase dois mil contos, tivemos de abdicar da feira. Ou faríamos a feira tercerizada ou não fazíamos a feira”, argumenta.

A última opção não seria fácil. “A nível social a feira é muito importante para os negócios, para as autarquias, para dar oportunidade aos artesãos e às empresas ligadas à música. Neste momento está a ter uma boa adesão, mas se calhar é um formato que vamos ter de pensar para o futuro”.

A “incerteza” a nível financeiro, tem causado algumas dores de cabeça. “Estamos a tentar driblar isso para a próxima edição, procurando financiamento externo em organizações internacionais. Inclusive, já estamos a preparar os dossiers de candidatura a financiamentos no próximo ano”, revela.

O orçamento ronda os 16/17 mil contos. “Estamos a tentar cortar em tudo o que seja possível a nível de despesas, para poder cumprir, garante.

Imagem e empoderamento

Questionado sobre o porquê de as empresas reduzirem os apoios, Gugas Veiga não acredita que tenha a ver com crise financeira no país, mas sim com a estratégia das próprias empresas. “Há algumas empresas que estão a virar o foco para outras áreas ao nível da sua responsabilidade social. A empresa que saiu foi isso. Ia por o foco mais na área da saúde. Quanto à empresa que reduziu o valor substancial do seu patrocínio, alegou os resultados da empresa e outros acordos que tem. E que não seria possível manter o valor, mas mesmo assim contribuíram de uma forma grande”.

Na sua óptica, no geral, as empresas ainda não se deram conta da importância do AME para Cabo Verde. “Não só ao nível da promoção do país, porque vamos ter mais de três dezenas de jornalistas acreditados, vindos de várias partes do mundo e alguns vêm por conta própria, mas ao nível do empoderamento interno”.

Isto porque, como justifica, há a formação de agentes e artistas nacionais. “Eles saem do AME com outro conhecimento, outra preparação e outros contactos. Há muita gente nova que agora faz esse trabalho e que está mais preparada”.

Passados sete anos da primeira edição, Gugas Veiga garante que o objectivo do AME continua a ser “exportar” artistas cabo-verdianos e dar oportunidade de terem acesso a produtores internacionais, que de outra forma seria difícil.

“Estando aqui em Cabo Verde não têm acesso a eles, porque é só uma ou duas pessoas que podem sair e ir aos grandes mercados lá fora. O objectivo é trazê-los cá (agentes internacionais) e pô-los em contacto com os nossos artistas. Enquanto aqui na Praia um delegado importante (produtor de um festival ou label) tem cinco pessoas à sua frente, para tentarem estabelecer contacto, no Womex existem 100 pessoas. Portanto, a oportunidade de se fazer negocio é maior em Cabo Verde”, garante.

Nesse contexto, a organização financia a vinda de convidados estratégicos, como produtores, agentes e jornalistas. “Em contrapartida eles participam nas conferências, workshops e One to One Meetings”. Quanto aos artistas, eles é que pagam as suas viagens.”Financiamos a estadia e a parte técnica”. Já os produtores e programadores de festivais convidados são aqueles que ao nível do mercado “mais contratam artistas africanos e cabo-verdianos”.

Segundo o site do AME, a edição deste ano conta com showcases de 11 artistas nacionais e 11 estrangeiros, além das conferências, workshops e dos encontros “One to One”. 

O evento arranca hoje com a abertura marcada para as 19h na Assembleia Nacional com a actuação de Cremilda Medina e o grupo La Yegros.

Gisela Coelho

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