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Sociedade

Vox-pop: São Vicente tem-se desenvolvido?

César da Cruz – Contabilista, Bela Vista
-Sim, a todos os níveis. Lentamente, mas tem-se desenvolvido. Há mais construções, calcetamentos e requalificação urbana, mais acesso à água, à electricidade, à saúde, a bens essenciais, no geral. Pode é não haver acesso igualitário ou generalizado.
Infelizmente, há um crescimento maior, em maior ritmo, das incivilidades, como o barulho no trânsito, música perturbadora, vendas nos passeios, as pessoas atirarem objectos para a rua, mau tratamento do lixo doméstico, danificação de equipamentos comunitários. 
Também cães abandonados que emporcalham a cidade e que, quando estão no cio, perturbam o sono das pessoas. A última moda é cozinhar na rua (fazer “bodji”), com lenha, defumando as paredes das casas, o que fica muito “bonito”. Como diria Jenifer Soledade, Sonsente ê assim, pa bem ou pa mal.
 
 
João Medina – Jornalista, Chã de Marinha
-Do ponto de vista urbanístico, podemos verificar alguma evolução, que não é necessariamente desenvolvimento. De outros pontos, capital humano, económico, político e social, não se nota avanço nenhum, como que tenha impacto. 
Chama atenção desde logo o facto de uma ilha que se cataloga como a de intelectuais, no sentido tradicional e orgânico do termo, tenha tão baixa representação nos cargos de decisão quer sejam públicos, quer sejam privados. Basta observarmos os Órgãos de Soberania e a representação no elenco governativo do país. 
Se compararmos com Santo Antão, notamos que a Ilha das Montanhas, com menos população, sem universidades e com muito menos representação parlamentar, tem muitos mais representantes nos órgãos de soberania (Presidente da Assembleia, Presidente do Supremo, Presidente do Conselho Superior de Magistratura Judicial, Provedor de Justiça, ministro numa pasta importante como a Saúde, um Secretário de Estado que assume muitas vezes o protagonismo de ministro na pasta da Educação), e o único ministro oriundo de São Vicente está sob fogo cruzado por causa da questão de segurança no país.
 
Comerciante- Mindelo
-Não tem desenvolvido no seu potencial. Há anos que não vemos nada inovador na ilha e nem de investimentos públicos, que realmente impactam na economia local ou no enriquecimento da sua população. 
Continuamos com programas naif, com uma enorme aposta na exploração imobiliária do turismo, mas sem projetos concretos que se alinham com a história e cultura local ou que levem ao desenvolvimento de zonas balneares pouco frequentados. 
Continua a não se apostar na pequena indústria naval, em pequenos operadores turísticos e na cooperação entre as ilhas. O transporte marítimo e aéreo está cada vez pior, considerado um enorme retrocesso. 
Sem dinâmica a nível de políticas públicas para o crescimento económico em áreas estratégicas, com a descrença de projetos que nunca mais arrancam ou que movem a passos de caracol (Datacenter, Oceanário, Terminal de Cruzeiros, Modernização de AICE, Campus do Mar), a ilha não poderá desenvolver.
 
 
Rosilene Gomes, Alto Solarino
-São Vicente não tem desenvolvido nos últimos anos. Podemos dizer que a ilha está morta, em tudo. Cada vez mais assistimos a um retrocesso no que a investimentos na ilha diz respeito. Um reflexo claro disso é a mudança de jovens quadros e não só para ilhas como Santiago, Sal e Boavista. 
Aqui dentro, boa parte das entidades empregadoras não respeitam os direitos dos colaboradores. Da parte da sociedade civil falta um pouco mais do espírito reivindicativo e reclamamos apenas “debaixo do tapete”.
 
 
 
 
William da Luz – Técnico de Apoio ao Contribuinte, Fonte Inês
-De um modo geral, ainda não teve nenhum progresso como foi prometido desde a entrada do novo Partido. Continuamos estagnados à espera da regionalização. Muito se tem dito mas ainda nada foi feito.
 
 
 
 
 
 
Paulo Martinho – Professor, Alto Miramar
-Tem desenvolvido em várias direções, pelos bons e maus motivos, por mais e menos razões. Realmente, alguns investimentos e obras parecem estar na calha e podem começar a qualquer momento, outros já começaram. 
É preciso acreditarmos nesta ilha que acolhe cabo-verdianos das ilhas mais vizinhas e sofreu um boom demográfico enorme devido à seca, assim fica difícil ter recursos, empregos para todos. 
É necessário maior oferta habitacional para jovens, mais espaço público com qualidade. O turismo pode ser a chave para a melhoria económica da ilha que ainda assim precisa de mais acções. Só poderemos ter desenvolvimento nesta ilha se ela for pensada como uma região, continuamos a ter assentamentos informais nas encostas. 
Mas o mais preocupante é o rumo que os adolescentes e jovens estão a dar à sua vida, as famílias precisam de acompanhamento. Economicamente parece haver a necessidade da ilha definir o seu próprio rumo com jovens empreendedores, que devem criar as soluções para que depois se faça mais investimento e haja prosperidade, conforto e bem estar. “Hora de Mindelo já txgá”.

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