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Sociedade

Rabidante Antónia Santos: “Não se fazem mais sacrifícios como antigamente”

Antónia Santos é mãe de quatro filhos. Mas criou nove. Pois, quis a vida que ela tomasse conta dos cinco filhos da irmã, que se confrontou com um problema de saúde. Vendo a vida “sacrificada” que ela levava, a mãe, residente em Santo Antão e proprietária de terras agrícolas, dispôs-se a ajudá-la a montar o seu negócio como vendedeira no Mercado Municipal do Mindelo.
“Estou aqui por causa da minha mãe. Ela começou a enviar-me frutas e verduras do Paul até que eu consegui me afixar aqui e solidificar o meu negócio”, recorda a rabidante. Entretanto, os tempos eram outros. “Foi a partir daqui que criei os meus nove filhos e hoje ainda ajudo a cuidar dos meus netos.”
Como conseguiu dar conta de nove crianças e ainda vender quase um dia inteiro no mercado? Boa vontade e organização é a chave, diz. “Primeiro é preciso saber organizar as tuas tarefas de acordo com o tempo que tens ao teu dispor. Depois, com boa vontade, tudo se consegue”, garante Antónia, sem desmerecer a ajuda dos filhos que iam ficando mais crescidos e ajudavam em casa e na venda no mercado.
“É preciso saber criar os filhos. Porrada não educa. Uma boa conversa é o suficiente para impor o respeito necessário, acrescido de algum castigo, quando merecido. Mas as crianças antes eram mais fáceis de se criar. Um passeio aos domingos e pipocas era o suficiente para deixá-los felizes”, confessa.
Mais rentável
Quanto ao negócio, Antónia relembra o início com nostalgia. “Naquele tempo, o negócio era melhor e mais rentável”, diz, com saudade. Hoje, a concorrência de vendedeiras ambulantes atrapalha o negócio, bem como a de mercearias e minimercados que também passaram a vender verduras. Ou seja, tudo o que há dentro do mercado, as pessoas encontram lá fora, ou até mesmo à sua porta, por vezes, por um preço mais convidativo. O Mercado Municipal do Mindelo conhece dias melhores em época alta, como o Verão, Natal e um pouco no Carnaval. Depois disso, conta com a sorte e com os poucos “fregueses fiéis”. Está tudo muito diferente, diz Antónia. “Os jovens de hoje não têm mais o espírito de sacrifício e a vontade de trabalhar que nós tínhamos. Hoje um jovem não assume uma pedra no mercado, mas também não faz sentido e nem vale a pena, pois não há venda que justifique.”
Altos e baixos…
A vida no Mercado – confidencia ao Jornal A NAÇÃO -, é marcada por altos e baixos. Para além do preço diário a pagar por cada pedra (110 escudos), a venda nem sempre corre como o esperado, ficando as vendedeiras com prejuízos a assumir. “O que não se vende joga-se fora. Mas ao fornecedor é, obviamente, necessário pagar por tudo. Quem sai no prejuízo somos nós.” Existe, ainda assim, uma chance de as coisas melhorarem, diz, propondo que as autoridades arranjem espaço próprio para quem vende nas ruas, no mercado ou espaço semelhante. Isso proporcionaria, no seu entender, oportunidade igual de venda, para todos.
NA
 

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