PUB

Sociedade

Clima tenso na UNTC-CS: Silenciamento de actores sindicais

Maria Brito Monteiro, presidente do Sindicato dos Transportes, Comunicações e Administração Pública (SINTCAP), no Sal, alerta que o sindicalismo nacional vive dias “complicados”, justificando que há alguma “tendência de se criar dificuldades e silenciar os actores sindicais do país e os trabalhadores de uma maneira geral com atitudes antidemocráticas”. 
Essas tentativas de silenciamento, vêm, segundo diz, “da parte do Governo” e de “algum patronato”. “Normalmente, o que o Governo faz é seguido de exemplo pelo patronato”, lamenta. 
O SINTCAP está filiado na UNTC-CS e, apesar da actual crise interna, Maria Brito garante que a adesão dos trabalhadores ao sindicalismo na ilha é razoável. “Temos uma participação razoável que nos permite estar com algum à vontade para representá-los nos processos”. 
Aquele sindicato tem cerca de 820 trabalhadores sindicalizados. “É um bom número porque estamos a falar de sectores que não têm tantos trabalhadores assim. É um sindicato de âmbito regional”. 
O SINTCAP tem também alguns sócios na ilha da Boa Vista, que se enquadram na área de actuação do sindicato. “Foram trabalhadores que contataram o SINTCAP e como o nosso estatuto prevê que podemos criar delegações nas outras ilhas, e não há nada que nos impeça de fazer isso, os trabalhadores quiseram sindicalizar-se e não havia razão para não os permitir”. 
A precariedade laboral é dos problemas mais prementes no meio laboral do Sal. 
“Todos os trabalhadores queixam-se dessa questão da precariedade porque acaba por arrastar uma série de constrangimentos. Por exemplo, os trabalhadores com contratos precários não conseguem aceder ao crédito em nenhuma instituição financeira. Isso causa inúmeros problemas sociais”. 
Questionada sobre a rotação de líderes sindicais, Maria Brito diz-se claramente contra a perpetuação no poder. “Eu se tiver que fazer faço um, no máximo dois mandatos, pois é preciso dar lugar a pessoas mais jovens, com novas ideias e não se criar vícios”. 
Essa sindicalista não tem dúvidas de que a crise interna na UNTC-CS está a “fragilizar” o sindicalismo e a afastar os trabalhadores daquilo que é a acção sindical. Nesse contexto, não esconde que há uma “descredibilidade” grande, relativamente aos sindicatos no país, mas isso não tem impedido os sindicatos de fazerem o seu trabalho. 
“Nisso ninguém tem razões para apontarmos o dedo. Temos  grandes sindicalistas e a prova disso foi a manifestação realizada no dia 13 de Janeiro, em que um grupo de 12 sindicatos se uniu para sair à rua. As fragilidades estão, portanto, só a nível da liderança da UNTC-CS. A nível da união, por assim dizer, dos sindicatos, não há crise. Os sindicatos estão unidos, estamos sempre juntos a trabalhar, pela mesma causa, o trabalhador”, realça. 
Contudo, admite que “não é benéfico” ter a central a remar para um lado e os trabalhadores para o outro. “Todos temos consciência disso e estamos a trabalhar para resolver essa situação o mais urgente possível”. 
O caminho, não tem dúvidas, é a mudança de atitude da líder Joaquina Almeida. “O problema está claramente nela e não na UNTC-CS. Tanto assim é que os sindicatos que apoiaram a sua candidatura demarcaram-se dela”.  
Maria brito apela à criação de condições para a realização do Conselho Nacional dessa central. “Ela convocou o Secretariado Nacional para uma reunião no passado dia 6, em São Vicente, mas quem tem poderes de decisão é o Conselho Nacional e ela foge a todo custo da realização da reunião desse Conselho.”  
GC
(Publicado no A NAÇÃO impresso, nº 650, de 13 de Fevereiro de 2020)

PUB

PUB

PUB

To Top