PUB

Covid-19

Efeito do Coronavírus sobre economia cabo-verdiana

Por: Pedro Ribeiro

O coronavírus apresenta a economia global com o seu maior perigo desde a crise financeira. As restrições à circulação de pessoas, bens e serviços e medidas de contenção, tais como o encerramento de fábrica reduziram a fabrico e a procura interna na China. O impacto sobre o resto do mundo através de viagens empresariais e turismo, cadeias de abastecimento, produtos e menor confiança está a crescer. A agência das Nações Unidas para o Comércio, a UNCTAD, estima um impacto negativo superior a 14 mil milhões de euros, para as economias da União Europeia devido à paragem da atividade industrial chinesa que resultou da epidemia do novo coronavírus. 

Estamos num ambiente de incerteza e isso explica o sentimento geral de risco, de modo que os investidores estão a apostar em ativos isentos de risco, e também por considerarem que iremos ter um abrandamento económico, senão recessão, devido ao pânico que está instalado no mercado. As principais bolsas europeias estão em forte baixa, num dia em que o petróleo Brent está em queda livre, a cair mais de 30%, devido à guerra de preços entre a Arábia Saudita e a Rússia. Na Ásia, as bolsas também recuaram mais de 3% devido aos receios de uma rápida expansão do novo coronavírus e as consequências económicas que pode ter a nível global. À epidemia do novo coronavírus junta-se a queda abrupta do petróleo.

Os preços do petróleo baixam significativamente, numa altura em que as negociações entre a OPEP e seus aliados parecem perto do fracasso, para segurara os preços da matéria-prima nos mercados internacionais e para responder a baixa procura derivada da epidemia. Contudo, o Dólar desce contra o Iene e o aumenta os receios sobre a epidemia de Coronavírus. O comportamento da moeda americana reflete a preocupação do mercado com o coronavírus, e não se trata apenas de especulação. Se a desvalorização do câmbio é um movimento global de moedas emergentes em relação ao dólar, o Banco Central não pode ir na contramão. O Banco Central deve seguir o sistema de câmbio flutuante e, diante dos movimentos globais, deixar a cotação do dólar variar.

Atualmente, a China é o principal parceiro comercial mundial, e representa 18% do PIB mundial. A agência de ‘rating’ Standard & Poor’s (S&P) refere, ulteriormente, que a principal ameaça ao crescimento sustentado da economia de Cabo Verde é exógena, e está relacionada com o abrandamento ou redução do número de turistas. O surto de COVID-19 irá limitar o crescimento este ano. Impacto económico irá depender do desenvolvimento à escala mundial e internamente. No segundo trimestre, os efeitos já se deverão sentir e alertam para a “incerteza” sobre a dimensão do impacto no crescimento económico nacional, nomeadamente na atividade turística, em setores ligados ao comércio externo, e mesmo o consumo privado, o que irá limitar o crescimento do trimestre, ainda que de forma provavelmente reduzida. Porém, tudo irá depender do desenvolvimento da epidemia à escala mundial e internamente, da adaptação da atividade social e económica à essa realidade. Haverá fuga de capital, pelo que o impacto do coronavírus deverá ser ilimitado, pois o país é uma economia aberta.

Nenhum país está a salvo do surto de coronavírusImporta saber como se contornam estes riscos, pois estamos perante uma ameaça à economia mundial. Os ruídos políticos gerados pelo próprio governo atrasam a perspetiva de que mais reformas importantes para a economia sejam realizadas, o que piora as projeções económicas.  Porém, agora é mesmo altura de se preocupar!

Publicado no A NAÇÃO, nº 655, de 19 de Março de 2020

PUB

PUB

PUB

To Top