Lançada esta segunda-feira, 08, pelo cabo-verdiano Gilson Varela, uma Petição Pública, pede a remoção de monumentos considerados pró-esclavagistas em Cabo Verde, como sendo estátuas e bustos de Diogo Gomes e vários outros exploradores coloniais, nas ilhas de Santiago, Fogo e São Vicente.
A iniciativa logo dividiu opiniões entre os internautas, que receberam o pedido uns com espanto, outros com admiração pela “coragem” do jovem.
De um lado, muitas pessoas consideram que remover estes monumentos seria apagar a própria história de Cabo Verde e negar as raízes de um povo.
E para isso, defende um leitor, “teríamos de destruir todo o património que nos remonta a essa época da história”.
“Por mais dura que seja, não podemos ter vergonha da nossa história, nem de falar dela”, defendeu.
Na mesma linha, outro internauta é decisivo ao defender que “a história não deve ser apagada, com todos os seus defeitos”.
“Essas estátuas são figuras incontornáveis, que fizeram parte do nosso passado. As evidências não podem ser derrubadas, para que as próximas gerações possam ter a oportunidade de conhecer a sua origem”, explicou.
Verdadeiros heróis
Entretanto, outros alinharam à iniciativa e defenda destituição de estátuas “de colonizadores” para dar lugar “aos verdadeiros heróis da história de Cabo Verde”.
“Lamento ver que o sentimento colonialista não saiu de dentro do povo cabo-verdiano. Na Europa não há estátuas a agradecer o esforço dos escravos que ajudaram a construir as suas grandes cidades. Se é verdade que nós somos os seus filhos, é verdade também que um violador não é pai”, defendeu uma internauta.
“Aquilo que nos lembram do sofrimento dos nossos antepassados, para mim é um mártir. Lembra-me como fomos maltratados pelos colonos”, argumenta outro leitor.
Outros vão mais longe e dizem que o que importa agora é acabar com a escravatura que ainda prevalece na sociedade, nomeadamente condições precárias e de exploração laboral.
“Acham normal que alguém esteja a trabalhar desde as 08h00 da manhã até as 16 ou 18h e receber 13 mil escudos”, questionou uma leitora.
Até agora não houve reação oficial da Assembleia Nacional, a quem a petição é dirigida. Entretanto, o mesmo já conta com pouco mais de mil assinaturas.
A petição pode ser encontrada aqui https://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT100526 .
