“Manuel Rodrigues Convicções e Afectos” é o novo livro do escritor José Pereira que presta homenagem ao tio e combatente da luta clandestina de libertação nacional, Manuel Rodrigues.
De acordo com José Pereira a ideia da escrita tem duas motivações, uma emocional e outra histórico/político. Para ele a componente emocional é o facto da ideia de a escrita do livro ter partido do próprio Manuel Rodrigues como forma de ajudá-lo a ultrapassar uma fase difícil que estava atravessando devido a problemas de toxicodependência.
“Esse projeto do livro era uma forma de estar ali mais próximo dele, quem lê o livro percebe que ele tinha essa forma subtil e pedagógica de tentar ajudar, porque ele sempre foi uma pessoa bastante generosa” relembra Pereira.
A componente histórica ou política está relacionada com a sua participação na luta clandestina de libertação nacional. Ele começou bastante cedo, tanto é que entre 1958/1959, já era perseguido pela PIDE (polícia colonial).
Manuel Rodrigues faleceu em 2006 e Pereira lamenta só ter retomado este projeto em outubro de 2019 aquando do falecimento da sua mãe.
“Quando decidi abraçar este projeto ele já não era vivo, então a única forma que encontrei de levá-lo avante, e a forma que entendi ser melhor, foi através do depoimento de pessoas que o conheceram e que estiveram presentes na luta clandestina. Também trago outra vertente da sua vida, na área do desporto e na área profissional, e foi assim que reuni 29 depoimentos de diversas pessoas, que estiveram na luta clandestina pela independência e que acabaram por constituir o corpo do livro”, explica Pereira.
O escritor deixa claro que no decorrer da escrita do livro, ele não leva em conta apenas a opinião de pessoas que estiveram ideologicamente ligadas ao Manuel Rodrigues, “trago também de pessoas que discordavam dele”. “Porque esta é uma homenagem que tinha de ser feita com a verdade, ele seria o primeiro a exigir isso” explica Pereira.
No que diz respeito à questão da luta de libertação Nacional, Pereira reconhece que “existe um acervo razoável, no entanto ainda existem muitas coisas por dizer e muitos nomes para serem reconhecidos, como partes desta luta”.
O livro, que neste momento está em revisão, irá nos próximos dias para a gráfica.
O lançamento na cidade da Praia está previsto para os finais de Setembro, na Biblioteca Nacional, uma vez que existem condições necessárias para cumprir com todas as medidas impostas pela pandemia da covid-19.
Este é o quarto livro do autor a ser publicado, sendo que o primeiro foi publicado em 2017. Desde aquela época ele vem publicando um livro por ano.
