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Economia

TACV/CVA: Trabalhadores no meio do fogo cruzado entre Governo e Icelandair

A situação da TACV/CVA continua sombria e agrava-se a cada dia com o Governo e administração da empresa em silêncio.

Os sinais de alerta, como tem noticiado o A NAÇÃO, já vinham antes do cancelamento das operações devido às restrições impostas pela aeronáutica civil, a nível nacional e internacional, por causa da Covid-19, mas pioraram com a paralisação, desde o passado dia 19 de Março, de todos os voos.

As incertezas são muitas. Especialmente, com mais de 90 % dos 291 trabalhadores da companhia, em lay off, muitos desde Março, altura em que foi enviada a primeira leva para lay off e outros desde Julho, segunda vaga dessa dispensa.

Seis meses depois, a retoma é ainda uma miragem. Sem luz ao fundo do túnel é o que se depreende das palavras de Paulo Lima, presidente do sindicato dos pilotos da TACV.

“Aquilo que todo o mundo pergunta, são as mesmas respostas que obtemos: depende da dinâmica externa e estamos sem aviões. Mas nisso, há sempre respostas contraditórias, tanto da parte do Governo, como da parte do pessoal da Icelandair e eles têm que se alinhar”.

O silêncio, quer da parte do Governo, quer da parte da empresa, naturalmente, deixa os trabalhadores apreensivos e no meio do fogo cruzado entre o Executivo e a Icelandair, o parceiro estratégico escolhido pelo para salvar a TACV, e actualmente o maior accionista da companhia, com 51%.

“Pelo que parece, há (um braço-de-ferro entre Governo e Icelandair), mas não podemos confirmar porque a parte da Icelandair diz uma coisa, a parte do Governo diz outra coisa…e nós ficamos aqui no meio. É uma situação com que nós também estamos descontentes”, esclarece Lima, lamentando o facto de os trabalhadores terem de ficar “no meio dessas questões”.

Pressão do sindicato

Paulo Lima garante que o sindicato tem feito “pressão”, mas, perante as circunstâncias, não pode fazer muito mais e até tenta perceber o outro lado da moeda. “Fizemos pressão, mas a nossa pressão vai até à página ‘X’  porque nós não podemos obrigar a empresa a nada.

Mas, temos de nos pôr do lado deles, também, porque acredito que da parte dos administradores, e dos donos da empresa, não deve estar a ser mesmo fácil.Temos de pôr o pé no chão e entender que a própria dinâmica do negócio mudou.

Embora façamos a nossa pressão, a situação não é lá muito agradável, admite. Esse responsável refuta as críticas veiculadas de que o sindicato tem medo de pressionar a direção e que as pessoas têm medo de falar. “Entendo que qualquer pessoa num estado de frustração e incerteza, diga isso, é normal.

Mas, é como eu disse, nós temos as nossas limitações também. Nós aqui, na direcção, sempre dissemos que não viemos para estar aqui a fazer frente à empresa de qualquer maneira.

Nós discutimos questão laborais e, neste momento, algumas delas estão em stand by, mas estamos à espera que a situação melhore para retomarmos a nossa luta. Porque, neste momento, não é possível continuar com as reivindicações que temos em pauta”, explica.

Gisela Coelho

(Leia mais no semanário A NAÇÃO, nº 679, de 3 de Setembro de 2020)

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