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Máquinas de campanha ignoram COVID-19. Autoridades sanitárias (quase que) clamam no deserto

Malgrado os clamores, directivas e recomendações das autoridades – sanitárias e outras! -, praticamente, a campanha (quase que) não difere das anteriores. É só ver os carros-de- som e a poluição  que provocam

1-Atentado 
Prossegue a caça aos votos para as oitavas Autárquicas cabo-verdianas, que acontecem a  25 de Outubro.
Asmáquinas de Campanha já estão na Estrada desde às zero horas do dia 8. E prosseguem nesta saga até 23.
Dia 24 é dia reflexão e de meditação. Para a escolha de domingo, dia 25.
Infelizmente, malgrado os clamores, directivas e recomendações das autoridades – sanitárias e outras!, praticamente, a Campanha (quase que) não difere das anteriores.
Provam-nos os carros-de-som e a poluição (sonora, e não só!) nas arruadas, desfiles e passeatas, que provocam barulhos infernais, ao calcorrearem as principais vias das cidades e dos povoados destas Ilhas, sem se esquecer de adentrar pelos bairros, ruas, travessas, becos, belecos e ruelas.
Num autêntico desrespeito – se não atentado! – à Saúde Pública.
E à tranquilidade a que cada filho-de-“criston” tem direito, principalmente, os idosos e acamados.
Cada carro-de-som que chega a qualquer bairro, é motivo de curiosidade, para não se falar dos
desaconselháveis e condenáveis ajuntamentos e aglomerações.
Violando, grosseiramente, o distanciamento físico-social.
Não só de crianças, adolescentes e/ou jovens.
Que são tidos como os mais curiosos…
Mas….também de graúdos.
E até de lideranças.
Que, na mais das vezes, não conseguem segurar a turba.
Que, apesar de boas intenções – o inferno está cheio disso! -, escapam ao controlo das candidaturas.

2- Nada de “soquinhos”  
Novo modo de saudações e de cumprimentos precisa-se.
Estamos condenados e temos mesmo de nos reinventarmos e adaptarmos ao tal novo normal – todo nós! -, imposto e (ainda!) regido pelo novo Coronavírus, neste tempo de incertezas mil.
O cabo-verdiano, “daguma” como poucos povos desta nossa Aldeia Global, estava quase-quase a se “habituar” à nova forma de se cumprimentar.
Que verdade seja dita, são quase desafectos.
Já que são sem os tais abraços, salamaleques, mesuras, nem beijinhos.
Eis que – para transbordar o copo! -, segunda-feira, 5, o director do Serviço de Prevenção e Controlo de Doenças, Jorge Noel Barreto, veio desincentivar as candidaturas -apoiantes e não só! -, a não se cumprimentarem com “cotoveladas” e “soquinhos”, já que viola a distância protocolar recomendada, que deve ser de, pelo menos, um metro e meio.
Para Barreto, caso os políticos – que devem ser exemplos e modelos! – desrespeitarem o distanciamento físico- social, o Arquipélago está condenado a ter, num futuro não muito longínquo, uma explosão de casos positivos de COVID-19.
“Temos visto, na Comunicação Social, os candidatos a cumprimentarem as pessoas com o famoso soquinho e isto não é recomendável, nem com os cotovelos. Devem ficar, pelo menos, a um metro e meio de distância”, receita Jorge Barreto, reiterando que se se prosseguir no incumprimento das directivas e das medidas de prevenção, existe “a probabilidade de acontecerem casos graves, assim como mortes”.
Fica dado o recado.
Até porque, os aspirantes a dirigentes, devem ser e dar o exemplo.
Em vários sentidos.
Muito antes de chegarem ao Cadeirão do Poder.

3- Sem surpresas…

Não foi surpresa…de todo.
Foram notificados, oficialmente, na Ilha Brava e no Município do Paúl (este último, em Santo Antão) na terça-feira, 6, os primeiros casos do novo Coronavírus.
Foram cinco casos em cada um dos concelhos.
De uma  só assentada.
As autoridades sanitárias locais estão empenhadas, por ora, em “descobrir” o(s) foco(s) de contágio.
Por ora, aconselham os residentes a usarem máscaras faciais, a respeitarem o distanciamento físico-social, a fazerem a regular e correcta higienização das mãos, a cumprirem o protocolo respiratório, entre outras directivas.
Quanto mais não seja, nesta maré de campanha para as Eleições Municipais.
Época propícia, mas, desaconselhável, para ajuntamentos.
Para que não haja alastramento nem propagação do vírus.
Sofrimento e mesmo mortes.
O Município da Praia – que alberga a Cidade-Capital! -continua, há várias semanas, a ser o epicentro da COVID- 19 em  Cabo Verde.
Oficialmente, a notificação do primeiro caso do novo Coronavírus no Arquipélago, aconteceu a 19 de Março passado, num turista inglês, de 62 anos.
Até quarta-feira, 14, Cabo Verde dispunha de um registo de mil e 20 casos activos; seis mil 270 casos recuperados; 79 mortes, e dois transferidos; perfazendo um total de sete mil 371 casos positivos acumulados.
Uma semana antes, mais concretamente, a 7 de Outubro, o Arquipélago contava com 867 casos activos; cinco mil 684 curados; 71 óbitos; e dois transferidos; somando um total de seis mil 624 contágios acumulados.
Resumindo: em uma semana houve mil 347 novos infectados.
Preocupante.

4- Retoma

Fechadas a 19 de Março, as fronteiras estão abertas desde o passado dia 12.
O anúncio foi feito pelo ministro do Turismo e Transportes, Carlos Santos, dando garantias de que o Arquipélago está equipado com meios de despistagem e centros de tratamento do novo Coronavírus nas duas principais ilhas turísticas – Sal e Boa Vista.
“Esta decisão é tomada no momento em que, no País, os meios de despistagem da COVID-19 nas principais ilhas e os centros de tratamento instalados nas duas principais ilhas, receberam a certificação internacional”, remarca Carlos Santos, ajuntando que, a par disso, foi aprovado um pacote legislativo que reforça o cumprimento de regras e protocolos de segurança sanitária, em ordem a se proteger a saúde dos cabo-verdianos e dos visitantes.
Cabo Verde dispõe de quatro aeroportos internacionais, a saber: no Sal, Boa Vista, São Vicente e Praia (na Ilha de Santiago).
A par da fronteira aérea, foi (re)aberto, também, o tráfego comercial marítimo.
E começa, assim, uma nova era.
Quase sete meses depois.
Num mar de incertezas.
Mas…com esperanças renovadas.
E retemperadas.

5- Cautela Papal 
Cautela e seguro morreram já idosos.
Materializando este adágio popular, o Papa Francisco manteve-se a uma distância segura dos fiéis, na sua semanal Audiência Geral das quartas-feiras, justificando à plateia que as novas regras concebidas, para conter o novo Coronavírus, o obrigam a se resguardar.

“Gostaria, como faço normalmente, de descer e chegar mais perto para cumprimentar vocês. Mas, com os novos regulamentos, é melhor mantivermos a distância”, explicou, sustentando que, como quando desce todos se aproximam e se amontoam, “é um problema, porque existe um risco de infecção”.
O Papa Francisco – argentino nascido Jorge Mario Bergoglio -, de 83 anos, retomou as suas audiências semanais em Setembro, depois de uma pausa de seis meses, devido à COVID-19.
Um exemplo a seguir.
Por todos.
Sejam eles do grupo de risco ou não….

Publicado no A NAÇÃO, edição 685, de 15 de Outubro de 2020

 

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