Está mais do que claro que a Covid-19 arrasou 2020. Cabo Verde não ficou indiferente e, a 20 de Março, entrou na lista dos países “afectados” por essa pandemia. Isto, três meses depois do aparecimento do primeiro caso diagnosticado na cidade de Wuhan, na China.
De entre as consequências dessa pandemia em Cabo Verde, a Covid-19 afectou também o processo de tratamento das doenças crónicas. Segundo o director nacional da Saúde, Jorge Barreto, as pessoas ficaram com receio de ir aos centros de saúde d hospitais para que não corressem o risco de serem infectadas por SARS-CoV-2.
Para minimizar a situação, a DNS “emitiu orientações para que as estruturas de saúde adaptarem os serviços considerando as medidas de prevenção recomendadas e que reorganizassem a forma de prestar cuidados de saúde, evitando aglomerações, mas também permitindo que as pessoas tivessem acesso, por exemplo, aos medicamentos para a hipertensão, diabetes e outras situações de saúde crónicas com periodicidade trimestral”. Isto, além do “reforço da importância de autocuidado nas estruturas de saúde”, explicou Jorge Barreto.
Dificuldades nos serviços de Diálise
Um dos casos mais salientes foi do sector de doenças renais. Nos serviços de diálise, uma das unidades mais carenciadas do país, as dificuldades só aumentaram com a pandemia.
“A pandemia afectou todos os serviços de forma transversal, em todos os sectores e o Centro de Diálise na Praia não foi excepção. Ela obrigou esse Centro a reorganizar-se para que pudesse permitir que as pessoas que têm infecção por SARS-CoV-2 continuassem as sessões de diálise, sem pôr em risco os outros doentes que também frequentam o Centro” explicou Jorge Barreto.
“Inevitavelmente, alguns funcionários desta área tiveram covid-19, o que implicou na reorganização das escalas de trabalho e no desdobramento dos funcionários que não foram afetados”. No entanto, “o Serviço de Diálise manteve o seu funcionamento, permitindo a continuidade dos cuidados de saúde nesta matéria”.
E por ser esta época do ano, um período propício para a gripe e para evitar o alastramento desta patologia, tendo em conta a similitude com a Covid-19, a DNS reforça que “as medidas de prevenção que já estão a ser adotadas para a covid-19 servirão também para ajudar a reduzir a probabilidade das outras doenças de transmissão por gotículas e por via aérea”.
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 696, de 31 de Dezembro de 2020.
