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Desporto

Voleibol na ilha do Sal: Boina 6 prepara-se para intercâmbio na Serra Leoa

A Escola de Voleibol Boina 6, fundada na ilha do Sal no ano passado, está a preparar-se para participar num intercâmbio da modalidade na Serra Leoa. Esta iniciativa insere-se numa estratégia adoptada pela direcção do clube que pretende colocar a modalidade como um produto turístico e económico para o país. 

Seis atletas e uma dirigente da Escola de Voleibol Boina 6 deslocam-se no fim deste mês a Serra Leoa, para um intercâmbio de voleibol de praia. 

Titsiana Spencer

A iniciativa, segundo a sua presidente, Titsiana Spencer, faz parte do programa de acção da escola, fundada em 2020, de modo a colocar a modalidade como um importante produto turístico e económico para o Sal e ao mesmo tempo permitir uma maior qualificação dos atletas nacionais. 

Em 2019, a Federação Cabo-verdiana de Voleibol inscreveu Titsiana Spencer numa formação de treinadores internacionais. Actualmente, a mesma já se encontra certificada a nível internacional. Contudo, falta cumprir uma exigência do nível um, que tem a ver com este intercâmbio.

Produto turístico

“Eu vejo o voleibol de praia como como um produto turístico e económico para Cabo Verde devido a vários factores, desde logo o clima e as praias. Neste momento, falta-nos apenas a parte de criar um centro de treinamento da modalidade. Por agora, temos este intercâmbio para ir fazer na Serra Leoa no dia 25 de Março. Temos de fazer a estadia de dois dias na Guiné Conacri e oito dias na Serra Leoa”, diz Titsiana Spencer.

 A escolha da Serra Leoa como destino para este intercâmbio prende-se com o facto desse país ser, a par da Gâmbia, uma das grandes potências da modalidade no continente africano.

“Serra Leoa é um dos países de África que neste momento está posicionado na federação mundial de voleibol na posição 206, com uma dupla. No continente africano, Serra Leoa e Gâmbia têm sido grandes exemplos de que é possível chegar mais longe na modalidade. Eles têm ultrapassado  atletas de vários países como Espanha e Brasil”, explica.

Segundo a mesma fonte, a Escola de Voleibol Boina 6 procura colocar os atletas cabo-verdianos num nível mundial de modo a que possam entrar para o ranking do vólei de praia. 

Ao todo são seis os atletas que deverão participara no intercâmbio. Quatro são alunos do escalão júnior na Escola de Voleibol Boina 6 há um ano. Os outros dois são uma dupla de séniores, que também pertencem â escola.

Clima e praias

Além de dirigir a Escola de Voleibol Boina 6, Titsiana Spencer é também presidente da Associação Voleibol de Santa Maria. A visão que esta amante do vólei de praia tem da modalidade é bem maior do que a simples prática. 

“O voleibol de praia pode ser um produto turístico e económico importante para Cabo Verde. No ranking Mundial temos cerca de mil e tal lugares, com cerca de quatro mil atletas. Se conseguirmos fazer com que Cabo Verde comece a ser o ponto de treinamento de atletas de alto nível, poderemos desenvolver a nossa modalidade e fazer com que cheguemos ao ranking mundial”, diz.

A seu ver, as condições naturais, como o clima e principalmente as praias, já justificariam um Centro de Treinamento do Voleibol de Praia no país. Aliás o país, até já deu provas desse potencial com a organização dos Jogos Africanos de Praia em 2019.

Comercialização de sabões naturais para custear deslocação

A realização do intercâmbio da Boina 6 na Serra Leoa ainda não está totalmente assegurada, devido à falta de recursos financeiros para custear a deslocação àquele país da nossa sub-região. Neste momento, Titsiana Spencer procura o financiamento, tendo enviado algumas cartas a instituições do país. 

Um outro meio que esta dirigente procurou para obter esse financiamento é a produção e comercialização de sabões naturais. 

“Estamos a fazer sabões naturais caseiros por 100 escudos cada. A nossa meta é fazer cinco mil sabões e vendê-los todos antes de partirmos. 

O grupo Oásis é um dos que sempre nos apoia e deram-nos acesso ao seu hotel para vendermos os sabões. 

Contactamos a federação, mas estou ciente que não tem como nos auxiliar. Estou também à espera de resposta por parte do Instituto do Desporto e Da Juventude (IDJ) e da Câmara Municipal do Sal”.

Titsiana mostra-se firme na busca do financiamento, não se limitando apenas a pedir apoio. Juntamente com os seus atletas desdobra-se, ao longo da semana, entre a produção e a venda de sabões nalguns dos principais pontos turísticos do Sal.

“A venda de sabões está a cargo dos atletas. De Quarta-feira a Domingo temos muitos lugares para vender. 

Tenho alguns restaurantes de amigos meus apoiando a iniciativa do voleibol, que se disponibilizaram em arranjar-me um cantinho para colocar o sabão e eles mesmo vendem-no.

Também tenho alguns lugares onde os atletas vão vender. A produção de sabões é por minha conta e de um amigo que trabalha na área de vendas de verduras”, acrescenta.

A viagem da comitiva de Titsiana à Serra Leoa está prevista para o próximo dia 25 deste mês.

(Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 705, de 04 de Março de 2021)

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