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Sociedade

Pandemia não afectou Banco de Leite do Hospital Agostinho Neto

O Banco de Leite do Hospital Agostinho Neto, que acaba de completar 10 anos de existência, tem sobrevivido à covid-19 sem grandes dificuldades. A responsável por esse serviço, a enfermeira-chefe Ester Lopes, garante que essa unidade de saúde continua a primar pela qualidade, salientando que o leite humano é ainda a melhor fonte de alimentação dos recém-nascidos.

Como deixa a entender, a covid-19 impôs cuidados acrescidos a todos, a começar pelas doadoras. E, graças a isso, neste ano de crise pandémica “a produção de leite materno não diminuiu tanto quanto estávamos à espera”.

“Simplesmente adoptámos novas estratégias para as mães que fazem doação de leite a partir do domicílio”.

A cidade da Praia dispõe de dois pontos de colecta de leite humano, um no Hospital da Praia (HAN) e outro no Centro de Saúde de Tira Chapéu.

 Recolha de cerca de 15 litros de leite

Desde a sua inauguração em 2011, à data presente, já se conseguiu recolher e armazenar cerca de 15 mil litros de leite, o que numa realidade como a cabo-verdiana é considerado um bom resultado.

Os cuidados com esse tipo de alimento começam no momento da extração do mesmo. O leite recolhido é pasteurizado e pode ser conservado por um período de até seis meses, sem perda de nutrientes.

Normalmente, o leite doado destina-se às crianças prematuras que se encontram internadas nos serviços da neonatologia, do HAN.

Um dos objectivos principais do Banco de Leite é “suprir as necessidades nutricionais dos prematuros internados”, frisa Lopes, salientando que o material pasteurizado é administrado sob prescrição médica.

Em termos de estatísticas, nestes 10 anos, o número de crianças beneficiadas saltou de 48 em 2011 para 460 em 2019, tendo em 2020 atingido 363. O número de doadoras, por seu turno, que em 2011 era 82, passou para 414 em 2019 e no ano 2020 representou mais de 260.

 Incentivo à amamentação

A coordenadora do Programa Nacional de Nutrição, a nutricionista Irina Spencer, afima que muitas mães consideram que produzem pouco leite, quando isso não é verdade.

Como explica, quando se avalia a situação de saúde dos bebés constata-se que os mesmos estão bem, crescem, aumentam de peso e se desenvolve normalmente.

Esta responsável entende que é importante continuar a esclarecer e rebater alguns mitos ou receios relativos à amamentação que é considerado o melhor alimento para os recém-nascidos.

Irina Spencer reconhece também que, por alguma razão, há crianças que não podem tomar leite das mães nos primeiros tempos de vida, principalmente nos casos de nascimento prematuro.

Nestas situações, alerta, “nem sempre o corpo da mãe está preparado para produzir leite, uma vez que não completou os nove meses de gestação”, ou então devido a outros problemas.

 Dez anos

O Banco de Leite Humano do HAN foi inaugurado a 01 de Agosto de 2011, e tem contribuído para aumentar as chances de sobrevivência de crianças em situação de prematuridade profunda, além de reduzir a má nutrição e a mortalidade infantil no País.

Depois da Praia, onde o Banco de Leite é considerado um sucesso, o Ministério da Saúde pretende estender este tipo de prestação a outras ilhas.

 Banco de Leite do Mindelo a caminho

No caso de São Vicente, depois de anúncio em 2018 que não se concretizou, espera-se agora que a partir do próximo ano tudo esteja operacional, também com a ajuda do Brasil. E, uma vez operacional, o Banco de Leite do Mindelo cobrirá todas as ilhas de Barlavento.

Concebido no âmbito do projecto de Cooperação com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Estado brasileiro, este serviço especializado é responsável por acções de promoção, protecção e apoio ao aleitamento materno, execução de actividades de colheita da produção lática da nutriz, do seu processamento, controle de qualidade e distribuição.

O Brasil criou o seu primeiro banco de leite materno em 1943 e estabeleceu uma rede em 1998, por iniciativa do Ministério da Saúde e da Fundação Oswaldo Cruz, que já conta com mais de 200 bancos em todo o território, alguns com colecta domiciliar e mais de 150 postos de coleta.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 728, de 12 de Agosto de 2021

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