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Política

Péricles Tavares sem medo de Lígia Fonseca

Péricles Tavares, ex-candidato à Presidência da República, diz não temer as “ameaças” de Lígia Fonseca, primeira-dama e advogada, por causa das suspeições levantadas por ele ao marido e actual chefe de Estado, Jorge Carlos Fonseca. Isto a propósito da queixa dessa cidadã contra Tavares na sequência da afirmação de que o marido e PR é detentor de dupla nacionalidade.

Firme nos seus propósitos, Péricles Tavares não desarma. Reitera a sua posição em como Jorge Carlos Fonseca, actual Presidente da República, possui outra nacionalidade, além da cabo-verdiana, enquanto este não provar que se desvinculou da nacionalidade portuguesa.

O ex-candidato às Presidenciais de 2021 diz não temer as queixas apresentadas por Lígia
Fonseca.

“A advogada Lígia Fonseca é a pessoa que aparece a defender o marido na qualidade de
jurista que ela é. E ela acusa-me de injuriar e caluniar o seu marido.

Mas ela esquece-se de ver que está a usurpar poderes que não lhe pertencem, poderes de outras instituições e outras instâncias.

Portanto, cabe ao Ministério Público, e outras instâncias, investigar”, esclarece Péricles Tavares, em entrevista ao A NAÇÃO.

Tavares argumenta ainda que, para si, Lígia Fonseca é uma pessoa “mal-intencionada e que não vai a lado nenhum”, uma vez que “ela queixa-se e, ao mesmo tempo, sentencia”, e que nisso “tenta aludir a justiça”.

“Ela acha que tem o direito de poder meter-se no meu caminho, para interditar a minha saída do país”, acrescenta Tavares.

“Alarido desnecessário”
O nosso entrevistado critica ainda o facto de Lígia Fonseca prestar queixa e, ao mesmo tempo, chamar a comunicação social para fazer um “alarido” mediático “desnecessário”.

“Isso demostra que é uma pessoa que não está do lado do bem. Ela esquece que foi bem
acolhida pelos cabo-verdianos, uma vez que veio através do casamento.

E chegou até a ser bastonária da Ordem dos Advogados de Cabo Verde, e hoje está no
lugar em que está”, argumenta.

Tavares refere ainda que, de algum tempo a esta parte, Lígia Fonseca age como se fosse o Presidente da República.

“Ela anda a insultar todos e todas. E, desta vez, é gravíssimo porque atreveu-se a chamar aos cabo-verdianos, tanto os residentes como na diáspora, de mofinos e parasitas. E isso, de
uma pessoa que tem responsabilidade acrescida, de uma certa medida, é ridículo.

Espero que venha a arrepender-se e pedir desculpa aos cabo-verdianos. E como somos um povo sensato, e na paz, vamos tentar ultrapassar isso”, explica.

Contudo, Tavares avisa que se Lígia Fonseca “continuar a desafiar vai enfrentar o que ela
merece”.

Intervenção do Ministério Público ou do Parlamento
No que diz respeito às suspeições levantadas por Péricles Tavares de que JCF possui dupla nacionalidade, o mesmo reitera o que disse e acrescenta que cabe ao Ministério ou ao Parlamento, essencialmente, investigar se, realmente, Fonseca é detentor de outra nacionalidade, ou não.

“Foi o Parlamento que o empossou. Portanto, cabe a essa instância, através de uma maioria de dois terços dos deputados, endereçar um pedido formal sobre a destituição do Presidente da República. A minha postura em relação à situação mantém-se até quando Jorge Carlos Fonseca apresentar provas de se ter desvinculado da cidadania portuguesa”.

JCF deve apresentar provas aos cabo-verdianos Péricles Tavares entende que para JCF ter servido certos cargos tanto em Portugal, como em Macau, nomeadamente de professor e coordenação jurídica, teria que ter a nacionalidade portuguesa.

“Até agora não disse e nem apresentou provas de que não tem outra nacionalidade. Só diz
que eu é que tenho que provar.

Ele é que tem que provar e esclarecer que não enganou os cabo-verdianos. Até porque, todos querem saber se não temos um português de origem na testa da nossa Nação”, conclui. 

Lígia Fonseca vai ao tribunal em defesa de Jorge Carlos Fonseca

De referir que a advogada e primeira-dama, Lígia Fonseca, apresentou na passada segunda-
feira, 30, uma queixa crime no Tribunal da Praia contra o ex-candidato presidencial Péricles Tavares e ao cidadão cabo-verdiano, emigrante nos Estados Unidos, Alexandre dos Santos, desafiando-os a provarem, no tribunal, a acusação de que o Presidente da República,
Jorge Carlos Fonseca, tem dupla nacionalidade.

“A queixa foi apresentada contra Péricles Tavares e contra Alexandre dos Santos, que é um dos promotores da página do Facebook CV Diáspora Moviment. Os motivos são injúria e calúnia contra Jorge Carlos de Almeida Fonseca, cidadão e actual Presidente da República de Cabo Verde.

Temos aqui um ataque, uma ofensa ao próprio país. Porque, quando se ataca a imagem e o bom nome do Presidente da República de um país democrático, um Presidente eleito, duas vezes pelo povo destas ilhas, e pela nossa diáspora, quando se faz um ataque dizendo que ele presta falsas declarações, está-se a atacar a Nação cabo-verdiana”, argumentou.

Para ela, a acusação feita pelos acusados é “muito grave”, e estes têm de responder por isso, uma vez que a “liberdade de expressão, de opinião, o dever de informar é sempre acompanhado com o dever de responsabilidade”.

Lígia Fonseca disse ainda, na ocasião, que pediu a interdição de saída do país de Péricles Tavares porque, como defende, em Cabo Verde, há a ideia que se faz o que se quer, e se vai embora.

“Mas, se esse senhor anda a dizer isso, e apesar de toda a documentação falsa que tem apresentado, continua a dizer, então ele que venha fazer prova do que está a dizer no tribunal”.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 731, de 02 de Setembro de 2021

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