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Ambiente

Santo Antão: “Sistema Agroflorestais” solução para seca?

Em Santo Antão o projecto “Sistemas Agroflorestais” promete ajudar os agricultores da ilha a enfrentar a seca e a aridez, causadas pelas alterações climáticas. Promovida pela Associação para a Defesa do Património de Mértola (ADPM), de Portugal, o programa já tem instalado sistemas agroecológicos em três campos experimentais, bem como capacitado os agricultores com técnicas ecológicas.

Santo Antão não chove há quatro anos. A seca e a aridez do solo, causadas pelas alterações climáticas, fazem-se sentir nesta que é uma das maiores ilhas agrícolas do país. Para enfrentar a falta de água, a ADPM tem em curso desde Março o projecto “Sistemas Agroflorestais – Uma alternativa inteligente para o combate às alterações climáticas”.

Melhorar a qualidade do solo e garantir a disponibilidade de água para a rega são os princípios deste ambicioso dessa iniciativa.

Com a aplicação de técnicas agroecológicas, a ideia é regenerar áreas degradadas, aumentar a retenção de água, incorporar matéria orgânica no solo e aumentar a resiliência e a luta natural contra as pragas,
melhorando assim a produção agrícola nesta ilha.

Uma produção alimentar que se quer inteligente face ao clima, que melhore a qualidade de vida das populações rurais, reduzindo desigualdades e combatendo a desertificação bem como mitigar as alterações
climáticas.

Gestão de água
A gestão de água e do solo são aqui factores importantes neste contexto no sentido de melhorar a adaptação dos agricultores às condições adversas que fazem sentir na ilha e no país e que, segundo Carla Janeiro, técnica do programa, poderão ser piores no contexto das alterações climáticas.

Tanto é que, para aumentar a disponibilidade de água, se tem aproveitado os “poucos recursos” para a construção de cisternas de baixo custo, aumentando a capacidade de armazenamento de água quando chove e introdução de espécies com capacidade para reter água.

“Acreditamos que através de sistemas agroflorestais é possível fazer uma boa gestão dos recursos naturais, aumentar a produtividade agrícola, a disponibilidade de alimentos e a segurança alimentar e nutricional das comunidades locais”, assegura Carla Janeiro.

Campos experimentais Para isso, o projeto já implementou sistemas agroflorestais e viveiros em três campos experimentais em zonas “completamente diferentes” de Santo Antão, nomeadamente em Casa do Meio, Planalto Norte e Planalto Leste, em parceria com as associações locais.

Nesses campos têm sido testados culturas e espécies que se adaptam a cada zona, no sentido de responder às necessidades da ilha, nomeadamente na alimentação humana e animal e na produção de matéria orgânica para nutrir os solos.

As experiências já começam a dar os primeiros resultados com a colheita de abóbora, milho e outros produtos que são doados a algumas escolas da ilha, como forma de envolver, também, a sociedade no projeto e na luta contra as mudanças climáticas.

A implementação d e s istemas agroflorestais tem feito sucesso em outros países com características semelhantes a de Santo Antão, o que leva os mentores do programa a estarem confiantes em bons resultados.

Os agricultores têm sido capacitados com diversas formações em agroecologia, desertificação e mudanças climáticas e praticado nos campos experimentais e nas próprias parcelas.

No final do projecto, previsto para Novembro de 2022, espera-se que os agricultores tenham adoptado técnicas agroecológicas e que haja disponibilidade de água para a agricultura incrementada em Santo
Antão.

O programa está orçado em 300 mil euros e enquadra-se na iniciativa “Aliança Global de Combate às Alterações Climáticas + África Oeste”, financiada pela União Europeia.

Além da Câmara Municipal do Porto Novo, a Associação de Jovens Agricultores da Zona Peri-urbana de Porto Novo, a Associação das Mulheres do Planalto Leste, a Associação ALVEN do Norte e a delegação do Ministério da Agricultura e Ambiente são parceiras da ADPM neste projecto.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 745, de 09 de Dezembro de 2021

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