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Política

Recados à navegação ventoinha

Os deputados Orlando Dias e Emanuel Barbosa têm estado a enviar recados fortes à navegação ventoinha. O primeiro, que já manifestou a intenção de se candidatar à liderança do MpD, defende a limitação do mandato do primeiro-ministro, enquanto o segundo, que é candidato ao cargo de coordenador dessa formação em em Portugal, dizer não querer um partido com práticas “controleiristas e pensamento único”.

Orlando Dias, que já manifestou pubicamente a sua intenção de se candidatar à liderança do MpD, nas directas que deverão anteceder a convenção ordinária do partido, agendada para 2023, vai lançando propostas para tentar mudar o “status quo” do partido ventoinha.

Numa recente publicação no Facebook, esse deputado diz: “ao contrário de Ulisses Correia e Silva, sou a favor de uma liderança partilhada e contra o poder concentrado numa só pessoa, como está atualmente”.

Para além dos sucessivos posicionamentos, no Parlamento, sobre a contenção das despesas públicas, através da redução da máquina pública, das viaturas do Estado e dos gastos em combustíveis, esse deputado e médico defende a limitação do mandato do primeiro-ministro (dois mandatos de cinco anos) e dos presidentes das Câmaras Municipais (três mandatos de quatro anos), “por serem cargos executivos”.

Eleito pelo círculo África, Dias defende ainda, a nível dos partidos políticos, o reforço dos poderes dos órgãos colegiais e “no caso do MpD será proposta uma revisão profunda dos seus Estatutos”.

Candidatura à liderança do MpD

Em carta dirigida a Ulisses Correia e Silva, em Janeiro, último, Orlando Dias manifestou a sua intenção de se candidatar a liderança do MpD em 2023.

Na ocasião, defendeu que a permanente análise das organizações partidárias se transforma, no presente, numa privilegiada via para a competente compreensão do processo de revitalização da democracia nas diversas sociedades, nos mais diversos sistemas sociais.

Dias disse ainda que fez “análises cuidadosas” do país e do desempenho do MpD sob a liderança de UCS, que tem exercido o poder de 2016 a esta parte, e chegou à conclusão de que “há quem disponha de ideias completamente diferentes e, de todo, servidoras” para a condução do partido.

“De facto, o MpD não consegue, nos anos decorrentes de 2016, atingir uma organização multiplicadora da renovação de energias sociais, nacionais. ‘In fini’, o papel do MpD tem de ser vertido para impulsionar uma envolvente vontade coletiva, apoiando-se na maior “economia de forças” pelo país”, acrescentou.

Orlando Dias afirmou ainda que há uma fronteira de novos ideais, bem como de novos interesses a serem desencadeados, bem interligados com o contexto de moderna organização e funcionamento do partido, a par de consequente cultura de desempenhos por que passa, ou deve passar, o sistema da comunidade nacional, em linha com “positiva e contagiante indução”.

Recados de Emanuel Barbosa

O também deputado Emanuel Barbosa é outro que parece estar algo inconformado com o rumo do MpD. Neste momento na corrida para a sua reeleição como coordenador do partido em Portugal, o mesmo disse, na apresentação da sua candidatura, que avança para mais um mandato por entender que “nesta fase conturbada que vive Cabo Verde, é preciso um partido mais forte, mais coeso, mais junto da comunidade, para poder enfrentar novos desafios e entregar-se a novos combates”.

Barbosa defende, também, “um partido plural, amplamente democrático e interventivo, sem figuras providenciais nem tiques de autoritarismo”. E deixou claro: “Queremos isto, precisamente, porque é esse o ADN do MpD”.

Sustentando que o MpD é “um partido que nasceu de um grande movimento popular e que se construiu pelo empenho e vontade das bases”, Barbosa salientou querer “um MpD alinhado com os grandes objetivos estratégicos definidos no seu programa, emanado da vontade da militância saída das convenções nacionais, com subsídios a várias vozes”.

Para ser ainda mais claro, o deputado aludiu ao que não quer “um partido de aparelho, com práticas controleiristas e pensamento único”, que considera uma perversão do património identitário que esteve na origem do MpD.

“Só com maturidade, pragmatismo, responsabilidade, racionalidade e abnegação, conseguiremos renovar a confiança popular em 2026, e retomar o ciclo de vitórias de 2016, em Portugal, na Diáspora e no Arquipélago. Sim, vamos preparar o Partido para ganhar todas as eleições de 2026!”, enfatizou.

As eleições para coordenador do MpD em Portugal estão marcadas para o dia 3 de Abril. Ruben Traquino é o adversário de Emanuel Barbosa nessas eleições.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 759, de 17 de Março de 2022

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