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Economia

BCV prevê crescimento económico moderado em 2022 devido a guerra na Ucrânia

O BCV prevê uma moderação do crescimento económico no intervalo de 3,5 e 4,5 % para 2022, devido ao cenário de conflito e de tensão geopolítica, enquanto a inflação deverá atingir os 7,3%.

Os dados foram apresentados hoje, em conferência de imprensa, proferida pelo governador do Banco de Cabo Verde (BCV), Óscar Santos, convocada para a apresentação do Relatório da Política Monetária de Abril de 2022, que faz o balanço dos efeitos das medidas de políticas implementadas nos últimos seis meses.

O governador do BCV realçou os impactos das medidas de políticas monetárias e orçamentais, visando mitigar os efeitos da crise pandémica sobre a liquidez, o rendimento das famílias mais vulneráveis e sobre as empresas.

Conforme indicou, as estatísticas mais recentes mostram que a economia nacional seguia no “caminho certo” da recuperação até surgir a nova ameaça que foi o conflito na Ucrânia.

“O PIB em volume cresceu 7% em 2021, o que compara com a recessão histórica de 14,8% registada em 2020. Por outro lado, o perfil da inflação manteve-se moderado com a taxa de variação média dos últimos 12 meses do índice de preços no consumidor (IPC) a fixar-se em 1,9% em finais de 2021”, apontou.

Remessas cresceram

Óscar Santos adiantou que, ainda nos primeiros dois meses de 2022, as informações provisórias apontavam que, em termos homólogos, as remessas dos emigrantes cresceram 42%, em termos trimestrais, as reexportações de bens cresceram cerca de 170%, e as exportações de pescados em cerca de 25%.

O Investimento Directo Estrangeiro (IDE) manteve-se estável e as contas externas registaram uma melhoria em 2021 com destaque para a evolução do défice da balança corrente, que atingiu 13,2% do PIB, contra os 16,5% de 2020, para o qual concorrem, sobretudo, os aumentos registados nas remessas dos emigrantes, bem com nas outras transferências correntes privadas.

“O IDE realizado no País em 2021, registou um crescimento de 55% face ao ano anterior, associados maioritariamente ao investimento de emigrantes”, frisou Óscar Santos, destacando ainda o crescimento da oferta monetária e o aumento do estoque de reservas internacionais líquidas do País em 2,7% em 2021.

Aumento dos riscos

Entretanto adiantou que, com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, as perspectivas económicas para 2022 ficaram fortemente influenciadas pelos elevados níveis de incerteza e aumento dos riscos e tensões geopolíticas e financeiras.

“Perante este cenário de conflito e de tensão geopolítica, o BCV prevê uma moderação do crescimento económico no intervalo de 3,5 a 4,5% para o ano de 2022”, precisou.

Óscar Santos explicou que as actuais projecções face às divulgadas em Outubro, que apontavam para o crescimento económico acima dos 5,0%, reflectem uma revisão em baixa do crescimento do PIB, como consequência da perda do poder de compra induzida pela subida da inflação e da revisão em baixa do crescimento das economias dos principais parceiros económicos do País.

“A taxa média anual da inflação deverá situar-se em 7,3% em 2022, reflectindo os elevados preços das matérias primas energéticas e não energéticas e sua transmissão aos preços internos”, referiu o Governador do BCV.

Para os próximos seis meses o BCV, de acordo com Óscar Santos, deverá continuar com medidas acomodatícias, considerando as actuais pressões inflacionárias, e os estímulos monetários para promover a concessão do crédito à economia.

Assim o BCV decidiu manter as taxas de juros de referência, nomeadamente as taxas das facilidades permanentes de cedência de liquidez, de absorção da liquidez, bem como a taxa directora e o coeficiente das disponibilidades mínimas de caixa nos níveis actuais.

Conforme o relatório, as reservas internacionais líquidas do País continuarão a garantir, pelo menos, cinco meses de importações de bens e serviços projectadas para 2022.

C/ Inforpress

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