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Economia

Transportes aéreos: TACV continua sem avançar o porquê da proibição de voar para Europa

A TACV ainda não explicou as razões que levaram a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA) a proibi-la de voar para a Europa, facto que já obrigou a empresa a alugar um avião para fazer as ligações de e para a Lisboa, Portugal.

Até à data, a empresa apenas justificou que por “motivos operacionais” os voos que estavam agendados para os dias 7 e 8 de Julho foram cancelados, causando, assim, incómodos e prejuízos aos passageiros, cujos voos foram repostos apenas a partir de Sábado, 9 de Julho.

«Pede-se aos passageiros de Lisboa para Cabo Verde para não se dirigirem ao Aeroporto Internacional Humberto Delgado, devendo aguardar as indicações do serviço de apoio ao cliente da TACV, Cabo Verde Airlines. Para informações adicionais, os passageiros devem contactar o serviço de apoio ao cliente, através do e-mail customer.service@caboverdeairlines.com», dizia o comunicado divulgado pela companhia.

O tom desse comunicado não caiu no agrado de muitos, nomeadamente do principal partido da oposição, o PAICV, que vê nele uma forma “tão simplista quanto irresponsável” como a companhia encara a proibição da Agência Europeia para a Segurança da Aviação.

TACV não regularizou certificação de Operador de Terceiro País (TCO)

Assim, o PAICV já veio a publico adiantar que a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA) proibiu a TACV de viajar para Europa porque a companhia não regularizou o respectivo certificado aeronáutico.

A imprensa nacional e internacional assim como as redes sociais também fizeram ecos destes argumentos fazendo-se valer das mais diversas fontes com conhecimento desta problemática.

Américo Faria Medina, especialista e conhecedor do sector, afirma que, desde 2021, a TACV vinha sendo alertada para a necessidade da mudança para a certificação TCO (Operador de Terceiro País, não europeu que realiza voos comerciais para a UE), exigida pela Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA).

Este antigo membro do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Aeroportos e Segurança Aérea (ASA) afirma que a TACV não fez as démarches necessárias para obter esse certificado emitido pela EASA que é um pré-requisito obrigatório para a solicitação de direitos de tráfego comercial (autorizações de operação) junto a qualquer Estado-Membro da organização.

«Como a nossa amiga avestruz, enterrou a cabeça na areia, pois na equipa (Direção de Operações) dentro da companhia, não há viva alma que saiba montar/preparar um processo de Certificação TCO; por outro lado e, à boa maneira de uma subcultura emergente entre nós nos últimos anos, os gestores, em vez de agarrarem o boi pelos chifres, como já se fez no sector noutras ocasiões (Dossier CAT I) optaram por fazer fuga em frente e tentaram ludibriar as autoridades europeias. Pode até funcionar aqui, mas quem conhece esse ecossistema montado pelos europeus sabe que lá não funciona», escreveu esse técnico aeronáutico.

No entanto, a TACV desmentiu estas informações, garantindo que os referidos voos foram cancelados “por motivos operacionais” sendo que, segundo a Rádio de Cabo Verde (RCV), a presidente do conselho de administração da TACV, Sara Pires, escusou-se a comentar, alegando razões de saúde.

PAICV condena amadorismo da actual administração da TACV

O PAICV (principal Partido na posição), numa conferencia de imprensa convocada para o efeito, considera que mais este episódio com a TACV é “muito grave” porquanto revelam a “incompetência e a irresponsabilidade face a requisitos tão básicos, mas relevantes da aviação civil”.

“O amadorismo e a cultura da mediocridade que caracterizam a actual administração da TACV não se compatibilizam com a gestão de um sector tão especializado e complexo como é o da aviação civil”, alertou o Secretario Geral do PAICV, Julião Varela.

Esse dirigente do maior partido da oposição considera que a TACV é hoje uma “companhia sem norte, fazendo navegação à vista, sem uma política comercial, enfim, sem uma estratégia de desenvolvimento a prazo e, somando prejuízos aos seus acionistas, no caso, os cabo-verdianos”.

Na ocasião, Julião Varela recordou que “esse novo episódio vem juntar-se ao quadro já muito precário da TACV, com os trabalhadores a braços com salários em atraso, ao mesmo passo que se denuncia a situação difícil da companhia de bandeira nacional, que inclusive já propõe uma redução substancial dos salários dos trabalhadores”.

Por outro lado, o PAICV exige que seja esclarecido o desfecho do processo do avião da Icelandair que tinha sido arrestado na ilha do Sal, há um ano atrás, e que, afinal, vai ser devolvido aos seus proprietários, estando, na opinião desse partido, por explicar, com que garantias o país ficou para cobrar as elevadas dividas da Icelandair para com Cabo Verde, incluindo o valor da venda da empresa, ou seja, os 48 mil contos então anunciados.

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