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Economia

Emprofac: Queimados mais de 250 mil contos em medicamentos fora de prazo

Os resultados líquidos da EMPROFAC (Empresa Nacional de Produtos Farmacêuticos) decreceram 137% face ao exercício anterior, fundamentalmente por causa da inutilização (queima de medicamentos com prazos de validade expirados) e ajustamentos nos inventários, registados em 2021. Pela primeira vez, desde 1979, a empresa opera no “vermelho”. A covid-19 e a má gestão no stock dos medicamentos estão entre as razões desse rombo histórico. O Estado, para variar, é o maior devedor da EMPROFAC nem sempre pagando, a tempo, os seus compromissos. 

A EMPROFAC registou resultados líquidos negativos pela primeira vez desde a sua criação em 1979. 

Os prejuízos dessa empresa pública, que tem o monopólio na comercialização de produtos farmacêuticos, ascenderam os 51 mil contos em 2021. Contudo, o volume de vendas, nesse mesmo ano, ultrapassou os dois milhões de contos.  

Inutilização de medicamentos  

Os resultados negativos da EMPROFAC foram impactados pela inutilização de medicamentos (que ultrapassaram os prazos de validade) na ordem dos 256 mil contos. 

A administração da empresa aponta vários factores para isso, com destaque para a pandemia da covid-19. Esta, como afirma a nossa fonte, “influenciou negativamente as vendas de medicamentos, com uma redução superior a 15% face ao ano anterior”. 

Os resultados líquidos decreceram 137% face ao exercício anterior fundamentalmente devido à inutilização (queima de medicamentos com prazos de validade expirados) e ajustamentos nos inventários, registados em 2021. 

Com isso, o capital próprio da empresa registou um decrescimento de 12,12%, relativamente ao ano anterior, devido ao resultado líquido negativo de 2021.

O activo corrente registou um decréscimo de 27,4% devido ao impacto da redução do valor dos inventários em armazéns no montante de 532 mil contos e das dívidas dos clientes à volta de 190 mil contos, em relação ao exercício anterior. 

Conforme o relatório, a rúbrica com maior peso no ativo corrente é os inventários, que representa 55% do activo corrente. O activo total cifrou-se em cerca de 2 milhões e 400 mil contos, em 2021, contra mais de 3 milhões de contos em 2020. 

Por outro lado, o passivo, a 31 de Dezembro, cifrava-se em mais de um milhão e 300 mil contos, dos quias 93% são passivos correntes. A rúbrica com maior peso total é a dos fornecedores com 53% do total do passivo. 

Dívidas: Estado paga com quase dois anos de atraso  

Sem surpresas, o Estado é o maior devedor da EMPROFAC. O saldo da conta de clientes da empresa registou, no final de 2021, uma dívida total à volta de um milhão de contos, contra um milhão e 22 mil contos em 2020, ou seja, uma redução de 15%. 

O prazo médio de recebimento dos clientes foi de 196 dias em 2021, contra 132 dias em 2020, mas, com referência ao sector público, o prazo médio de recebimento passou de 301 dias em 2020 para 562 dias em 2021. 

Em relação a dívidas com os fornecedores, o relatório e contas da EMPROFAC destaca que, no exercício de 2021, registou-se “uma redução significativa” do saldo da conta corrente dos principais fornecedores, sendo 35% em termos relativos. 

A empresa fechou o exercício com a dívida em relação aos fornecedores num montante de mais de 704 mil contos, significando um decréscimo de 375 mil contos em relação ao ano anterior. 

O prazo médio  de pagamento aos fornecedores passou de 150 dias em 2020 para 220 dias em 2021, sendo que para o fornecedor nacional o prazo médio de pagamento foi de 163 dias, contra 113 em 2020.  

Rupturas de stock e máscaras sobrevalorizadas   

Segundo e relatório e contas da EMPROFAC, que A NAÇÃO teve acesso, em 2019 registaram-se várias situações de indisponibilidade de certos medicamentos em especial os anti-hipertensivos, como o Nifedipina 20mg comprimidos, Valsartan, por motivos relacionados com escassez de matérias-primas, recolha de lotes por inconformidades diversas, e proibições de exportação, afetando o nosso principal mercado abastecedor, Portugal. 

“Como reação às situações de ruturas de stock, a empresa constituiu, na altura, stocks desses produtos superiores aos que normalmente dispunha, tendo em conta a procura registada”, realça.

A fraca performance financeira da EMPROFAC, em 2021, é justificada com o início da pandemia (2020). A empresa adquiriu uma “grande quantidade” de EPI (mascaras comunitárias, cirúrgicas e outros), e que continuam em stock actualmente. 

“Feita uma análise comercial desses equip EMPROFAC amentos constatamos que: os preços médios de custos estão muito acima dos preços de venda no mercado de Cabo Verde. ctualmente as máscaras comunitárias não tem tido procura, isto é, os consumidores estão a optar por mascaras cirúrgicas adquiridas em superfícies comerciais por um valor médio de 10$00 (A EMPROFAC adquiriu a produtores nacionais por 170$00 unidade, conforme portaria do Governo); as máscaras KN95 cuja validade é o ano de 2023, estão neste momento a ser vendidos pela concorrência da empresa -81% do custo médio”, realça o relatório e contas.  

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 782, de 25 de Agosto de 2022

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