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Economia

PCA da Emprofac explica resultados negativos

O presidente do Conselho de Administração da EMPROFAC (PCA), João Spencer, justificou a quebra acentuada nos resultados líquidos da empresa, em 2021, com a situação de inutilização de medicamentos com prazos expirados, mas também com a aquisição de máscaras no quadro do combate da covid-19. 

Com a pandemia da covid-19, a EMPROFAC adquiriu um conjunto de máscaras que “tiveram de vir de avião, com custos elevados de frete aéreo”, explica esse gestor destacando que, na altura, os preços estavam “excessivos”. Mas depois da normalização da produção de máscaras a nível mundial “os preços caíram bruscamente”. 

Prejuízo de mais de 90 mil contos com máscaras 

Recorda, igualmente, a questão das máscaras comunitárias que foram adquiridas no âmbito de uma decisão política e afirma que tanto a EMPROFAC, como o Governo tinham informações que essas máscaras seriam comercializáveis e, também, seria uma forma de incentivar a indústria nacional. 

“Adquirimos as máscaras por 170 escudos, mas a realidade do mercado mudou completamente e hoje em dia é possível adquirir máscaras cirúrgicas a 5 escudos ou até menos”. Com a aquisição dessas máscaras a EMPROFAC teve que arcar com um prejuízo de mais de 90 mil contos. 

Em relação a medicamentos fora de prazo, João Spencer esclareceu que em 2019 houve crise que provocou a rotura de fármacos para a hipertensão a nível mundial, com reflexos em Cabo Verde. 

Para fazer face a essa situação, “a EMPROFAC andou à procura desses medicamentos a nível internacional e fez várias encomendas, na esperança de que algum fornecedor pudesse fornecer esses produtos com maior celeridade”.  

Contudo, num determinado momento, essas encomendas começaram a chegar em catadupa e “ficamos com um excesso de stock”. 

Mas, segundo esse gestor, a covid-19 acabou por complicar as coisas, porquanto as pessoas deixaram de fazer consultas e, em consequência disso, houve uma redução do consumo desses medicamentos. 

“O consumo de quase todos os medicamentos para as doenças crónicas reduziu durante o período da pandemia à volta de 15%”, diz.

Ineficiência na gestão do stock  

João Spencer reconhece, no entanto, alguma “ineficiência” na gestão de stock, porquanto “há coisas que, infelizmente, não conseguimos controlar”. 

Para mitigar as “ineficiências”, a EMPROFAC propõe implementar um conjunto de medidas, no sentido de reajustar a estrutura orgânica a nível de compras, logística e comercial e introduzir inovações (algoritmos e aprendizagem das máquinas) na gestão dos inventários e das compras. 

A diversificação da oferta de produtos na cadeia de valor da saúde, a gestão da relação com os clientes de forma personalizada, a optimização dos processos internos e a dinamização da força de vendas são outras medidas que a EMPROFAC pretende adoptar para melhorar a sua performance financeira no próximo exercício.  

Sobre as dívidas das instituições do Estado, João Spencer esclarece que no início deste ano a EMPROFAC assinou um acordo com o Governo, cuja minuta foi publicada no Boletim Oficial, que permite a regularização das dívidas, que, até Dezembro de 2021, vinham sendo saldadas de quase dois anos de atraso. 

“Assinámos o acordo e logo em Janeiro o Estado pagou a primeira prestação dessa dívida, até Dezembro de 2021, que o Estado deve saldar em cinco prestações anuais. Agora, o desafio maior é não permitir que as dívidas se avolumem”, realça.   

Ficou também acordado que as instituições do Estado devem liquidar as facturas num prazo máximo de 45 dias, “até este momento as coisas estão sob controlo e há um compromisso de tentar cumprir esse prazo. 

Contudo, como as despesas do Centros de Saúde e dos Hospitais “são elevadas”, muitas vezes os duodécimos orçamentais são inferiores às necessidades de consumo desses serviços hospitalares, que caba por gerar dívidas. 

Excelente reputação 

No meio disto tudo, João Spencer afirma que a EMPROFAC tem “uma excelente reputação” no seio dos fornecedores, tendo em conta que quase 100% das aquisições são feitas a crédito e com prazos de pagamento até 120 dias, ou mais. “Isto nos tem ajudado a contrabalançar o lado negativo relacionado com os prazos de liquidação das facturas do sector público, que é bastante elevado”, conclui.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 782, de 25 de Agosto de 2022

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