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Educação

Novo Ano Académico: Universidades prontas para nova arrancada

Os principais estabelecimentos de ensino superior, em Cabo Verde, dizem ter tudo a postos para o início da nova temporada lectiva. Mais do que um retomar do caminho até aqui percorrido e traçado, alguns esperam, nesta nova arrancada, desafiar a sua comunidade académica para os novos tempos. Sem contudo deixar de lado outro não menos importante desafio, o da própria sobrevivência financeira das universidades.

Uma vez mais, a Universidade Lusófona de Cabo Verde inicia os cursos de licenciatura, nas unidades orgânicas do Mindelo e da Praia, a 13 de Setembro de 2022.

Seguem-se a Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), a Universidade Jean Piaget (UniPiaget), o Instituto Superior de Ciências Económicas e Empresariais (ISCEE) e a Universidade Técnica do Atlântico (UTA), que iniciam o ano académico a 03 de Outubro. E, já na segunda semana do mês, será vez também da Universidade de Santiago, que arranca a 10 desse mês.

Na Uni-CV, nos três pólos (Praia, Mindelo e Assomada) estão disponíveis 2170 vagas e os preparativos “andam a bom ritmo”, conforme avançou o seu reitor ao A NAÇÃO, José Arlindo Barreto.

“A nossa equipa começou a trabalhar cedo; a primeira fase de candidaturas terminou a 20 de Julho com 888 inscritos. Já a segunda, arrancou a 29 de Julho até 9 de Setembro, tendo até ao momento cerca de 200 candidatos”.

Com a oferta de 40 cursos de licenciatura, 16 mestrados, um doutoramento, quatro cursos de especialização e quatro cursos profissionalizantes, a Uni-CV espera acolher entre 1100 e 1400 estudantes este ano, o que faz dela a maior universidade do país.

Não muito longe do campus principal da Uni-CV, no Palmarejo Grande, na cidade da Praia, está também a UniPiaget que ainda está em fase de conclusão do ano lectivo anterior, porém, já têm perspectivas para o ano académico 2022-2023.

“Em Setembro concluímos o ano lectivo em curso, mas já estamos organizando o próximo ano lectivo, trabalhando com vários cenários em consequência do contexto global que é pouco favorável para o ensino superior”, diz Joanita Rodrigues.

“Não é fácil fazer previsões num contexto cheio de incertezas, porém esperamos ter um score razoável de estudantes nos três ciclos de estudos, licenciatura, mestrado e doutoramento”, reforça.

Ao nível da graduação, a UniPiaget disponibiliza 14 cursos activos, em quatro áreas, nomeadamente, social e humana, económica, jurídica e política, saúde e a área das ciências exatas e tecnológicas.

À vista disso, na pós-graduação estão seis mestrados, e a reitora garante que “estamos à espera da conclusão do processo de creditação de mais dois mestrados integrados, um em biotecnologia e outro em ciências farmacêuticas. Ainda na pós-graduação temos um doutoramento já aprovado em Desenvolvimento e Sustentabilidade Global, que deverá iniciar em Janeiro de 2023”.

Com sua sede no campus de Bolanha, Assomada, a UniSantiago, da mesma forma, prepara o novo ano académico com 14 cursos de licenciatura e oito de mestrado. Segundo o seu reitor Gabriel Fernandes, neste novo ano, a aposta é no “princípio de indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão”.

E esclarece: “Estamos convictos de que a universidade não pode estar confinada somente às salas de aulas, mas também deve partilhar tudo aquilo que produz e sabe com a comunidade onde está inserida e consequentemente iremos dar continuidade ao ensino à distância, por sermos um país arquipelágico”.

A tendência, e a expectativa, conforme o reitor da Uni-Santiago, é receber cerca de 500 estudantes para o ano 2022-2023.

Desafios 

Como sempre, um novo ano traz grandes expectativas, mas também alguns desafios que estão relacionados com inúmeras questões. Uma delas é o factor económico e, no fim da cadeia, a sustentabilidade financeira das universidades num país de meio milhão de habitantes, portanto, de mercado reduzido para tanta oferta de formação superior.

No caso da Uni-Santiago, estando situada no interior da ilha de Santiago, por si só, “enfrenta vários desafios”, desde logo, “o fraco poder económico das famílias que vivem maioritariamente do rendimento da agricultura”, onde o apelo ou a tentação da formação no estrangeiro é também grande.

Joanita Rodrigues segue a mesma linha, dizendo que um dos  principais desafios da UniPiaget centra-se na sustentabilidade financeira da instituição. 

“Os maiores constrangimentos prendem-se com a actual conjuntura económica de Cabo Verde e do mundo, com reflexo na perda de capacidade financeira dos estudantes e das famílias que não conseguem honrar com as mensalidades” e, consequentemente, “isso reflete directamente na universidade que não consegue honrar atempadamente os seus compromissos com os seus professores”.

Aquela reitora lembra ainda que, de um modo geral, qualquer que seja a universidade, esta “não tem apenas os salários do corpo docente”. “Tem também outros custos associados que têm de ser honrados. E, com a pandemia em 2020, com o modelo de lockdown que se assistiu por toda a parte, as economias mundiais caíram de forma livre e sendo Cabo Verde um país dependente de terceiros, os efeitos das crises fizeram-se sentir e com muito impacto no ensino superior”, acrescenta.

Docência para o novo ano lectivo

José Arlindo Barreto revela que a Uni-CV possui um total de 479 docentes, sendo 48,2% mulheres e 51,8% homens. Mesmo assim, confirma a existência de falta de docentes, por vezes, em determinadas áreas. “Pela diversificação de ofertas formativas importantes para o país, ainda carecemos de docentes formados”, admite.

Outra razão prende-se com a aposentação de docentes e o aumento do número de turmas, fazendo com que nem sempre a Uni-CV consiga corresponder à demanda existente.

O mesmo acontece na UniPiaget. No entanto, Joanita Rodrigues diz que este é um desafio, no caso da sua instituição, em vias de resolução: “Em algumas áreas há, sim, alguma escassez de professores, mas, de momento, temos muitas manifestações de interesses de pessoas altamente qualificadas que querem leccionar na UniPiaget, o que é bom”. 

Por: Tiana Silva

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 784, de 08 de Setembro de 2022

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