Apesar de não haver confirmação, existindo índicos, e mesmo sabendo que as investigações nunca foram conclusivas nesse sentido, a representante da Organização Internacional das Migrações (OIM) em Cabo Verde, Quelita Silves, não descarta a possibilidade dos casos de crianças desaparecidas e sem resposta poderem ser por crime de tráfico internacional de órgãos.
A informação foi avançada à imprensa à margem da cerimónia de entrega de um conjunto de matérias de procedimento operacional contra o tráfico de pessoas em Cabo Verde, que decorreu recentemente na cidade da Praia.
A representante da OIM, Quelita Silves disse que a organização não descarta a possibilidade de os casos das crianças que desapareceram, e que continuam sem resposta, terem sido vítimas do crime de tráfico internacional de órgãos ou para adoção ilegal.
“Há casos que apontam possíveis indícios, sobretudo para a questão da adoção ilegal, mas para a extração de órgãos também. Mas como eu disse, são indícios, não há confirmação, as investigações feitas nunca foram conclusivas nesse sentido, e por isso nós temos o cuidado de não os apontar como casos, efetivamente, apontados e reportados”, explicou Quelita.
Tendência mundial
De acordo com a representante da OIM em Cabo Verde, quando analisados os dados a nível global, apontam que grande parte das vítimas são para exploração sexual, para trabalho forçado e para extração de órgãos.
“Nós sabemos que as filas para a doação de órgãos são significativamente altas e, nesse sentido, há atuações do crime organizado, exatamente para poder explorar as pessoas nesse sentido, para extrair órgãos”, ressaltou ainda.
Quelita Silves garantiu, no entanto, que os casos de tráfico de pessoas detetados no país são raros e afirma também que não tem confirmado casos de cabo-verdianos traficados para o exterior.
Os casos
Desde 03 de Fevereiro de 2018, Sandro Mendes “Filú” de dez anos e Clarisse Mendes “Nina” prestes a completar 12 anos estão desaparecidos
Saíram de casa, em Achada Limpa, na cidade da Praia, para comprar açúcar, a pedido da avó Marcelina Lopes, em Água Funda, e não regressaram.
A 28 de Agosto de 2017, Edine Soares, 19 anos, deixou a casa em Achada Grande Frente (Praia) alegando que ia levar o bebé para o controlo no PMI (Programa Materno-Infantil), na Fazenda, cidade da Praia. Mãe e filho nunca mais foram vistos.
