Esta é uma das principais conclusões do Inquérito Global sobre Tabaco nos Jovens (GYTS), que indica que os jovens cabo-verdianos começam a usar e a estar expostos ao tabaco cada vez mais cedo. Apesar disso, os inquiridos mostraram-se conscientes dos riscos do consumo e muitos confessaram que desejam parar de fumar. Para os promotores do estudo, os dados indicam que é necessário um reforço das ações de prevenção e educação.
O estudo foi realizado em 2023, através de uma parceria entre a Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde, a Comissão de Coordenação do Álcool e outras Drogas (CDC), o Ministério da Educação e o Instituto Nacional de Estatística.
Realizado a cada cinco anos, com o apoio do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças dos Estados Unidos (CDC), o GYTS é um dos componentes do Sistema Global de Vigilância do Tabaco da OMS, que tem como objetivo monitorar o uso do tabaco entre jovens entre os 13 e os 14 anos, considerada uma faixa etária crítica para o início do uso do tabaco.
O estudo segue uma metodologia que prevê a aplicação de questionários, que permitem recolher indicadores-chave e dados comparáveis entre os países. O conhecimento, atitudes, exposição ao fumo passivo e à publicidade relacionada com o tabaco são alguns dos aspetos analisados.
Cabo Verde, enquanto membro da Convenção Quadro para o Controlo do Tabaco da OMS, participou em 2007 no I inquérito Nacional sobre Tabagismo no seio do Jovens e em 2023 realizou o II Inquérito. O estudo foi interrompido em 2019 devido à pandemia da covid-19 e o próximo deverá ser realizado em 2028.
Quase 10% dos jovens consomem tabaco
Os dados agora divulgados remetem ao inquérito realizado em 2023, onde 2.729 alunos elegíveis do 8º ao 10º ano responderam ao inquérito, dos quais 1647 tinham idade compreendida entre os 13 e os 15 anos. Eles revelaram que cerca de 10,5% dos jovens consumiam tabaco. Desses, 2,1% fumavam cigarros e 2,3% consumiam tabaco sem fumo.
Em relação aos cigarros eletrónicos, 6,6% disseram ser utilizadores e 17,9% disseram já ter experimentado, na sua maioria rapazes (20,3%).
Em termos de acesso ao tabaco, os dados revelaram que 29,5% dos jovens compram o produto numa loja e 38,8% conseguem-no através de terceiros.
Em relação à idade de iniciação, 14,5% dos jovens afirmaram que começaram a consumir tabaco aos 7 anos ou menos. 5,5% iniciaram com ou 8 ou 9 anos, 11,7% com 10 ou 11 anos, 32,8% com 12 ou 13 anos e 35,6%, com idade compreendida entre 14 e 15 anos.
Publicidade e exposição
O estudo revela que os jovens continuam a ser expostos à publicidade, direta ou indiretamente. Cerca de 63,6% revelaram ter visto alguém a consumir tabaco na televisão, em vídeos, filmes ou telenovelas e 18 % repararam em anúncios ou promoções de tabaco quando visitaram pontos de venda. Além disso, 4,2 % afirmaram ter recebido um produto de tabaco gratuito oferecido por um representante de uma empresa de tabaco e 7,2 % possuíam objetos com logotipos relacionados com o tabaco.
Em relação a mensagens antitabaco, quase 5 em cada 10 (46,5%) alunos repararam em mensagens nos meios de comunicação social e 25% em eventos desportivos ou comunitários. Quanto às advertências sanitárias nos maços de cigarro, apenas 5,3% dos estudantes fumadores que notaram essas mensagens pensaram em parar de fumar. Ainda assim, 26,2% dos estudantes nunca fumou ou pensou em não começar a fumar por causa das imagens de advertências sanitárias. Os dados indicam ainda que 32% dos inquiridos foram ensinados na escola sobre os perigos do consumo de tabaco nos últimos doze meses antes do inquérito.
Por outro lado, a exposição ao fumo passivo regista valores consideráveis. Dos jovens inquiridos, 34,4% relataram terem sido expostos ao tabaco em locais públicos fechados. 13,8% revelaram estar expostos ao fumo do tabaco em casa e 34,1% disseram ter sido expostos na escola.
Ilda Fortes, com agências
Leia a matéria na íntegra na Edição 950 do Jornal A Nação, de 13 de Novembro de 2025
