Nasce, na cidade da Praia, o Centro de Lazer Primavera 3 (CLP3), um espaço de convívio diurno, onde aposentados têm ao seu dispor actividades lúdicas e recreativas para ocupação dos seus tempos livres. Criado em Abril, com o intuito de fazer com que o idoso seja protagonista de sua própria vida, o centro tem a capacidade de acolher entre 30 e 40 utentes.
Quando pensamos em terceira idade, logo nos vêm à cabeça uma cadeira de balanço, um livro, pijamas e meias. Mas o facto é que, de um tempo para cá, os padrões de vida das pessoas da “melhor idade” mudaram. Quem já passou dos 60 anos actualmente está acostumado a uma vida agitada, repleta de passeios e actividades físicas. Assim, não é de se estranhar que haja uma demanda cada vez mais por actividades de diversão e lazer especialmente pensadas para a população desta faixa etária.
É neste sentido que nasce o Centro de Lazer Primavera 3 (CLP3), situado na Prainha, na cidade da Praia, um projecto de Manuela Garcia, natural do interior de Santiago mas a viver na capital. Enquanto estrutura física, o centro ficou operacional em Abril, mas ainda não entrou em funcionamento. Neste momento, segundo a sua mentora, a par da campanha de divulgação, vem recebendo visitas, dando a conhecer as suas instalações e informações sobre as condições de funcionamento.
Manuela Garcia revela ao A NAÇÃO que o seu sonho maior era formar-se em medicina e ajudar a salvar vidas e a aliviar o sofrimento dos outros. Mesmo não o tendo realizado tal desejo, sempre que possível, diz, procura envolver-se em acções de carácter social. Este projecto foi a forma encontrada de não só por em prática a sua vontade de ajudar o outro, como de dar o seu contributo para uma faixa etária que quer e necessita cada vez mais de se manter activa e socializada.
“Com o nosso amadurecimento queremos fazer com que os nossos pais e avós se mantenham por mais largos anos na nossa companhia, de forma activa, com boa disposição, a participar em tudo e merecendo aquela atenção, dedicação e carinho especiais que muito nos ofereceu. Apesar desse forte querer, nem sempre conseguimos proporcionar-lhes o melhor”, afirma Manuela Garcia.
Isto porque, na verdade, há um mundo de situações bem reais a concorrer em sentido contrário. Temos falta de tempo, por causa de diversas situações do dia-a-dia, e no meio esquecemos que os nossos entes queridos estão a ficar sozinhos e a criar um mundo só deles. “Se não é fácil incentivar a vida activa em casa, um espaço recreativo diurno de encontro com diferentes gerações é uma possibilidade de manter um padrão de vida mais aceitável em termos de contacto social, lazer e transmissão de conhecimentos e experiências”, admite a nossa interlocutora.
Por uma vida plena
O CLP3 tem a capacidade de acolher entre 30 e 40 utentes. Atendendo à sua ainda limitada capacidade de resposta em termos de assistência médica, segundo nos conta a mentor do projecto, podem frequentar o centro pessoas aposentadas ou em idade de reforma que tenham a autonomia necessária para garantirem os cuidados básicos de higiene pessoal, e estejam interessados em conviver, recriar e partilhar as valências adquiridas ao longo da sua vida activa. O horário de funcionamento previsto é das 8:00 às 17H30, de segunda a sexta-feira, com várias modalidades de frequência à disposição.
Neste espaço, os mais graúdos podem ocupar o tempo com jogos de xadrez, damas, dominó, cartas, oril, bem como actividades de leitura e comunicação, renda, bordado e pequena jardinagem. Fazem ainda parte da programação, música, pintura e culinária, prática orientada de actividades físicas, acções socioculturais, excursões e visitas a locais de interesse. Manuela Garcia acredita que o principal intuito é fazer com que o idoso seja protagonista de sua própria vida. “Para que ele se sinta útil e integrado” diz.
Saúde do corpo e da mente
Na terceira idade, o cuidado com a saúde é indispensável. Para evitar doenças e ter uma vida saudável é preciso unir o bom hábito alimentar e a prática frequente de exercícios físicos. Ademais, algumas pesquisas mostram que se o idoso já tem uma pré-disposição a ser depressivo. Outros factores causadores do mal podem ser as doenças específicas da velhice, restrições da idade, perdas de parentes, companheiros e amigos e até o preconceito que existe na sociedade.
“Temos em conta tudo isso e, por isso, disponibilizamos cuidados básicos de saúde, através de um técnico especializado, um enfermeiro que faz o acompanhamento e controlo na administração de medicamentos, medição da pressão arterial, controlo da diabete e encaminhamento médico em caso de necessidade”, garante Garcia, adiantando que os frequentadores do centro têm ainda direito a sessões pontuais de massagem e fisioterapia.
Manuela Garcia acredita que o centro vai reduzir a exposição do utente ao isolamento excessivo, garantindo-lhe um ambiente “seguro, acolhedor e de são convívio e lazer”, onde pode por em prática os seus conhecimentos e trocar experiências com os outros utentes; (ii) incentivar a manutenção das valências adquiridas ao longo da sua vida ativa e o desenvolvimento de novas aptidões, no sentido de retardar a perda de faculdades físicas e mentais.
ACN
