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Cultura

Nova plataforma de artistas lusófonos nasce em Paris para “quebrar as redes de sempre”

A Luso – Plataforma de Arte.Cultura.Língua Portuguesa vai promover encontros entre artistas portugueses, brasileiros, moçambicanos e franceses em Paris de modo a divulgar o seu trabalho e criar novas oportunidades em França.

“A plataforma é um espaço de encontro entre artistas. Vivendo entre Portugal e Paris, sinto que há um conjunto de artistas que vivem em Paris que não estão representados em certos contextos e também outros que vivem noutros sítios e não tinham oportunidade de mostrar aqui o seu trabalho. A ideia é internacionalizar e dar a conhecer o seu trabalho em Paris”, afirmou à agência Lusa João Costa Espinho, coreografo e fundador deste projeto.

João Costa Espinho diz que há uma certa “desilusão” em relação à cena artística portuguesa em Paris e que esta nova iniciativa serve para quebrar as redes tradicionais de programação cultural. “Há uma desilusão em relação à cena artística porque são sempre os mesmos artistas, sempre as mesmas redes. E há aqui pessoas que nunca vão ter acesso a certos meios”, afirmou o coreografo.

A plataforma vai ter a sua edição 0 já de 10 a 20 de janeiro com diversos eventos ligados à dança, teatro ou música, em espaços artísticos em Paris e nos arredores, como a Maison du Portugal na Cidade Internacional Universitária de Paris ou a delegação da Fundação Calouste Goulbenkian em Paris, mas também o Cent Quatre – que acolheu recentemente uma exposição do artista português Vhils.

Quase duas dezenas de artistas, alguns vindos de Portugal e outros que já vivem e trabalham na capital francesa, vão partilhar durante esses 10 dias as suas experiências, apresentar-se ao público francês, mas também a programadores e coordenadores artísticos a quem foram feitos convites.

“Os convites não foram feitos de forma intensa, mas chegámos a cerca de 30 programadores. A ideia é que os artistas possam encontrar uma porta de divulgação do seu trabalho, até porque [no caso de] alguns é a primeira vez que vêm a Paris e também querem conhecer diferentes espaços. Espero que possamos criar parcerias futuras”, acrescentou João Costa Espinho.

Esta é uma das esperanças dos bailarinos Solange Melo e Fernando Duarte, que estarão em Paris esta semana para participar na plataforma e apresentar o seu espetáculo “Tudo quanto vi – um poema coreográfico para Sophia”. “Uma vez que esta plataforma acontece em internacionalização e que o nosso país está na boca do Mundo, é bom que possamos mostrar para além das ofertas convencionais em termos de arte e cultura”, considerou Fernando Duarte, em declarações à Agência Lusa.

Esta é a primeira vez que os dois artistas vão mostrar o seu trabalho na capital francesa e consideram que “há potencial para que a plataforma se desenvolva” e que passe a figurar no calendário cultural como “algo de novo na arte contemporânea”, como indicou Solange Melo.

Com artistas em diferentes nacionalidades – portugueses, brasileiros, moçambicanos e franceses – e ligados a diversas áreas nas artes, mais do que a língua, o que liga estes artistas é a cultura portuguesa nas suas diferentes manifestações.

“O que fez sentido para enriquecer esta plataforma foi abri-la, não tendo só artistas de Portugal, e ter como elo de ligação a língua portuguesa e a lusofonia, mesmo que esses não sejam sempre os focos principais das performances ou dos trabalhos apresentados”, acrescentou João Costa Espinho.

Marie Plantin, bailarina, escritora e atriz, que integra a plataforma é um dos exemplos desta ligação. Após um convite anterior do coreografo português para outro projeto, a francesa descobriu a música portuguesa e, através dela, o mundo lusófono. “Eu estou um pouco deslocada neste grupo. Eu não sou portuguesa, não tenho qualquer ligação a Portugal, mas encontrei o João Costa Espinho e ele fez-me um convite há uns meses que me levou a descobrir a música portuguesa. Eu dei um passo para Portugal através da sua música, com Madredeus e Dulce Pontes”, disse à Lusa.

Com dois meses de preparação, a plataforma conta apenas com um apoio financeiro do Arte Institute, em Nova Iorque, que servirá para pagar a alimentação dos artistas na capital, e os apoios institucionais da Fundação Calouste Gulbenkian e da Maison du Portugal, sendo que mesmo o alojamento será feito em casa de outros artistas. No entanto, e sendo a edição 0 deste projeto, a falta de apoios não desencorajou a organização.

“Não íamos ficar reféns da falta de apoios. Mas claro que seria ótimo conseguir mais financiamento para a plataforma, especialmente para as deslocações dos artistas que vêm de fora de Paris”, afirmou João Costa Espinho.   

Lusa

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