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Opinião

Frutas e frutos do Natal

Por: Faustino Vicente *
Final de ano é a época em que as empresas se preparam para fechar a contabilidade e apurar o saldo numérico de todas as transações comerciais realizadas, analisando se as estratégias planejadas atingiram as metas pré-estabelecidas.
 As causas dos efeitos não desejados serão rastreadas com  a devida abrangência, para que não voltem a desagradar acionistas,clientes e funcionários.
 A imprensa mostrará, na retrospectiva anual, os acontecimentos políticos, sociais, esportivos, econômicos e religiosos que abalaram o mundo e transformaram as nossas vidas.
 Merecerão destaque especial as descobertas científicas e as inovações tecnológicas  que tornaram o homem capaz de destruir o planeta. Mas o mantiveram incompetente  para assegurar qualidade de vida, mínima e digna, à população mundial.
 Esta constatação nos faz crer “que apesar de todos viverem sob o mesmo céu, nem todos desfrutem do mesmo horizonte”. A classe política divulgará suas realizações e justificará as promessas de campanha não cumpridas. 
 O restrito acesso aos serviços de educação e saúde, de excelente qualidade, é o fator inibidor mais significativo  para que as condições de igualdade do desenvolvimento humano sejam, ainda, apenas, retóricas. Também as organizações do chamado Terceiro Setor, ou voluntariado de responsabilidade social, cujo movimento tem apresentado impressionante expansão, prestarão contas, aos seus parceiros e colaboradores.
 O voluntário tem a nobreza de partilhar o mais precioso tesouro da nossa era, o conhecimento – certidão de nascimento de cidadania.
 De forma idêntica cada um de nós deve fazer a sua reflexão,analisando o seu desempenho pessoal na abrangência dos seis fatores motivacionais, que são:  saúde física, espiritualidade,família, saúde mental, relacionamento social,carreira profissional e condição financeira.
 A harmonia entre esses indicadores evidenciará se as metas que planejamos,  os sonhos que acalentamos e as ações que empreendemos foram desenvolvidas rumo à meta maior de todo ser humano: a felicidade. Interiormente, devemos verificar se nos tornamos menos arrogantes e mais tolerantes, menos professor e mais aprendiz, menos teólogo e mais apóstolo. Enfim, se estamos conscientizados de que os votos de – Feliz Natal – não deva ser, apenas, uma manifestação episódica de amor ao próximo, mas contínuas práticas de fraternidade.
 A própria transformação da “paisagem” nos contagia, pois as ruas, as fachadas das casas, as vitrines das lojas e, até árvores, ganham decorações especiais, luzes multicoloridas e enfeites criativos. As ornamentações dos interiores das residências, e dos templos religiosos, simbolizam o nascimento do homem que dividiu a história da humanidade em antes e depois dele – Jesus Cristo.
 Os especialistas em “marketing” disputam cada centímetro, e cada segundo da mídia, principalmente da irresistível telinha da TV. O simpático velhinho,com suas tradicionais barba branca e roupagem vermelha, continua sendo a grande esperança da criançada.
 Para os trabalhadores, a chance de conseguir emprego, mesmo que temporário, para os empresários, a oportunidade de maior faturamento e para o país, o crescimento do PIB – o qual deve ter como missão a melhoria da distribuição de renda. Até as frutas que serão consumidas no Natal fazem parte das estimativas dos especialistas em gestão. Porém, se não colhermos os frutos da espiritualidade, a morte na cruz terá sido em vão.
 Com a esperança de que o  espírito natalino sensibilize os nossos corações, erradicando a discriminação, o preconceito e todas as formas de exclusão social – chagas ainda vivas na sociedade – entendemos que a arquitetura de uma mundo mais justo economicamente e mais igualitário socialmente é condição essencial á conquista da tão sonhada Paz, nesta maravilhoso planeta azul.
 
*Advogado, Professor e Consultor de Empresas e de Órgãos Públicos – e-mail: faustino.vicente@uol.com.br – Jundiaí (Terra da Uva) – São Paulo  (Brasil)  
(Publicado no A NAÇÃO impresso, nº 641, de 12 de Dezembro de 2019)

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