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Covid-19

Covid-19: África procura apoios para aquisição de testes

De acordo com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), África precisa de mais de 15 milhões de testes. No entanto, é possível fornecer apenas um milhão nas próximas semanas. Esse é precisamente o grande desafio dos países africanos, já que identificar e rastrear aqueles que estão infetados é fundamental para dar a África uma oportunidade de combater o vírus, disse o diretor da CDC África, John Nkengasong, em entrevista à agência Associated Press (AP).

“Nos próximos três meses ou seis meses, provavelmente precisaremos de 15 milhões de testes”, acrescentou. “No entanto, apenas uma primeira remessa com milhares de testes começa a chegar. Vamos começar com esses milhares”, afirmou o diretor.

O CDC de África adquiriu um milhão de testes da Alemanha, que lançará a partir desta semana, disse Nkengasong. O centro espera apoio de outros parceiros, apesa de não existir muita esperança de que a ajuda chegue em breve.

Segundo o balanço mais recente do CDC, já foram registados mais de 25.937 casos confirmados e 1.242 mortes em 52 dos 54 países de África. O pequeno reino do Lesoto e as ilhas Comores são os únicos países africanos sem casos relatados.

VISÃO GERAL DOS PAÍSES

Na África do Sul, o país do continente mais assolado pela doença, tem sido seguida uma estratégia de testes muito agressiva, diz Nkengasong. Segundo os dados atualizados do CDC África, foram mais de 130.000 os testes realizados, confirmando 3.635 casos de infeções pelo novo coronavírus.

Etiópia e Nigéria são os países mais populosos do continente africano e, em ambos, foram realizados cerca de 9.000 e 7.000 testes, respetivamente, segundo o último boletim da CDC África.

Na Nigéria, a Coligação contra a COVID-19 (CACOVID), liderada pelo setor privado, encomendou 250.000 kits de testes e outros 150.000 kits de extração para acelerar o teste molecular do coronavírus mortal.

A coligação é composta por 50 empresas que são lideradas pela Fundação Dangote. “Se todos fazem as suas próprias coisas, isso cria uma cacofonia”, disse à AFP Zouera Youssoufou, diretora da Fundação Dangote. “Então, toda a gente dá o que pode, dependendo do tamanho, e pode reunir recursos”.

A CACOVID também está a construir sete centros de isolamento de emergência nas principais cidades e procura ajudar a aumentar as taxas de testes, que atualmente continuam nos 5.000.

O Banco de Acesso da Nigéria prometeu cerca de 53 milhões para aumentar a capacidade de realização de testes no país.

No Gana, que possui apenas dois centros de testes em Accra e Kumasi, estão a ser usados drones para transportar amostras de Covid-19 para as instalações, porque os hospitais das áreas rurais estão a lutar para chegar às partes mais remotas do país devido a desafios logísticos, como falta de combustível.

Algumas instalações médicas em Tamale, norte do Gana, entregam as suas amostras através de serviços postais, o que tem atrasado o processo. “De carro era muito caro por causa das viagens de ida e volta ao centro de testes. Mas com o drone, os resultados chegam em 24 horas. É bom para nós”, disse à DW a enfermeira Alimatu Dawuni, que tem estado na linha da frente no combate à pandemia.

Em Nairobi, no Quénia, o Presidente Uhuru Kenyatta, num discurso recente, saudou empresas locais que estão a fazer máscaras faciais e outros Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Os estudantes da Universidade Kenyatta também desenvolveram um protótipo e um ventilador económico para uso em hospitais locais.

“A nossa capacidade de teste aumentou drasticamente e testamos mais de dez mil indivíduos. Esta semana, o Ministério da Saúde recebeu mais reagentes de teste que nos permitirão melhorar nossa capacidade de testes, começando com áreas específicas e, eventualmente, para a população queniana em geral”, disse Kenyatta.

No Burkina Faso, o cenário é sombrio. O país confirmou o seu primeiro caso em 9 de março de 2020, mas até agora analisou apenas 3.000 pessoas que tiveram contacto com os infetados. Alfred Ouedraogo, secretário-geral de um sindicato de médicos do Burkina, disse que “em média realizam-se 100 exames e isso significa que a taxa de penetração ainda é muito baixa”.

Além dos testes, Alfred Ouedraogo recomenda que os estados se preparem para acompanhar a evolução do vírus, a fim de reagir a uma possível mutação.

Na República Democrática do Congo (RDC), Magloire Bell, especialista em seguros de saúde, diz que a triagem continua a ser o maior desafio hoje em África. No entanto, acima de tudo, permitiria que as populações conhecessem a situação do HIV no país. A especialista acha que é insuficiente o milhão de kits de teste fornecidos pela União Africana (UA).

“O gesto da União Africana é louvável, mas é mais simbólico do que eficaz. Se fizermos o cálculo rapidamente, isso dá 19.000 testes por país”, disse ela à DW.

A UA lançou um fundo público-privado com o objetivo de arrecadar cerca de € 370 milhões de governos, credores internacionais e empresas para reduzir as transmissões e apoiar a resposta médica.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o teste de todos os casos suspeitos é vital para suprimir a disseminação do vírus, pois permite que as autoridades de saúde tratem e isolem todos os pacientes e os seus recentes contatos sociais.

FILANTROPIA

Em todo o mundo, indivíduos ricos, de Bill Gates a Jack Dorsey do Twitter, prometeram contribuições significativas para enfrentar a pandemia global. O homem mais rico da China, Jack Ma, enviou mais de um milhão de kits de testes e equipamento de proteção para África.

Na África do Sul, o magnata da mineração Patrice Motsepe, a família Rupert e os empresários Oppenheimers prometeram aproximadamente 47 milhões para ajudar nas consequências da crise.

Tony Elumelu, presidente do Banco Unido da África (UBA) e uma das pessoas mais ricas da Nigéria, disse à AFP que é necessário um “Plano Marshall” para ajudar África a enfrentar a tempestade. “Há uma necessidade urgente de governos africanos e parceiros internacionais intensificarem um pacote de estímulo económico de emergência para o continente”, disse o magnata, que ofereceu cerca de 12 milhões da sua fortuna para enfrentar a crise.

Mas as autoridades reclamam que não é fácil fazer com que grandes empresas em África e credores internacionais ajudem rapidamente. “Por enquanto, ninguém realmente participou”, disse uma autoridade da UA à AFP sob condição de anonimato. “Os mais inclinados a dar rapidamente são os chineses. É por isso que recebemos a ajuda rapidamente de Jack Ma.”

Queremos que os bilionários africanos sigam esse exemplo, mas infelizmente com muita frequência, é apenas um caso de aparências”, afirmou a fonte. O funcionário apontou as promessas de apoio durante a epidemia de ébola que devastou a África Ocidental de 2014 a 2016. “Além de Dangote e Motsepe, muito poucas pessoas realmente liberaram o dinheiro”, disse.

O império de Dangote, o homem mais rico de África, está espalhado por todo o continente, com os seus tentáculos de negócios e fábricas. Youssoufou, da fundação Dangote, insiste que quer “comprometer-se com o continente”, mas disse que a prioridade é ajudar a Nigéria.

Agora, à medida que os números aumentam, empresas e governos da região estão intensificando seus próprios esforços para mobilizar fundos.

Fonte: DW

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