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São Vicente

TAC poderia “ter salvado” a vida ao jovem Vicente – alegam familiares

Um jovem de 27 anos, que respondia pelo nome de Vicente da Silva, morreu nesta segunda-feira, 30, no Hospital Batista de Sousa (HBS), onde estava internado, em coma. Familiares ouvidos pelo A Nação dizem que o jovem terá falecido devido à falta de condições para pagar uma Tomografia Axial Computadorizada (TAC) nesse hospital público. Pois, alegam que o TAC teria revelado o seu estado de saúde real e contribuído para que fosse devidamente tratado. Apesar das tentativas deste online, o hospital ainda não esclareceu o caso.

Ouvida pelo A Nação online, a prima do jovem Vicente, Sandra Faial, defende que uma TAC teria, provavelmente, salvado a vida do jovem. 

A verdade, garante, é que ele se encontrava há mais de uma semana em estado de coma e a família não tinha condições para pagar o procedimento e, assim, descobrir o que se passava com a saúde de Vicente da Silva.

“Levaram-no para o hospital e ele já estava mal. Eles não negaram fazer a TAC, mas deixaram-no ali por sua conta. Estavam à espera que ele reagisse em vez de procurarem saber o que ele tinha. Não fizeram a TAC para tentar salvá-lo. Ele ficou ali a depender de Deus”, conta Sandra Faial. 

Apelo ao Governo

A prima do jovem clama por maior atenção do Governo para que mais pessoas não passem pelo mesmo e lembra que o que está em causa é a vida das pessoas.

“O Governo devia ter mais atenção com o hospital neste tipo de situações. Uma pessoa que não tem este tipo de condições, deveriam fazer os procedimentos de graça. Estamos a falar da vida humana. É a obrigação deles.O hospital não é uma fábrica de negócio. Estamos a falar de vidas humanas”, adverte a prima indignada.

Sandra Faial avança que, depois de ter feito uma publicação na sua página de Facebook a expor a situação, muitas pessoas ligaram para oferecer ajuda, mas já era tarde.

Reações de indignação

A morte deste jovem tem causado, desde esta segunda-feira, 30, muita indignação na sociedade civil, com reações várias no Facebook.

Zé Luís Martins, fundador do projeto Zé Luís Solidário, que ajuda muitos cabo-verdianos com problemas de saúde, principalmente no pagamento de exames ou procedimentos de custo elevado e mesmo nas questões de evacuações, foi um deles.

Na sua página de Facebook demonstrou a sua indignação com este acontecimento e apelou a uma reação da população, no que tange aos seus direitos.

“Este jovem de 27 anos morreu no HBS, São Vicente, porque não tinha dinheiro para fazer uma TAC, ou seja, deixaram-no no hospital para morrer. É triste e lamentável que o hospital de São Vicente não tenha um aparelho de TAC. Ai os nossos governantes. Que vergonha”, escreveu. 

Por sua vez, a deputada nacional e presidente da Assembleia Municipal da ilha de São Vicente, Dora Oriana Pires, manifestou o seu pesar e indignação com o caso.

“Que situação! Onde está saúde para todos? Ao perguntar no parlamento sobre o porquê da situação do hospital BS me disseram que TAC não é problema porque existe protocolo público/privado e que quando a pessoa não pode o hospital faz o TAC, ninguém fica por fazer se não tem como pagar. Isto não está a acontecer, muitos necessitados pedem ajuda para fazer um TAC e muitos morrem sem o fazer”, expôs.

“Por favor, vejam para esta ilha! Não falo por falar, mas são situações vividas, presenciadas e ouvidas por muitas pessoas que me procuram pedindo apoio ou para desabafar. Merecemos mais e mais para o hospital Baptista de Sousa! São Vicente também é Cabo Verde e aqui todos colaboram, pagam impostos, INPS,etc., e merecem ter um outro tratamento, uma atenção igual para todos. Vai-se ao hospital para ter saúde e não para sair num caixão!”, finalizou.

HBS em silêncio

Este online entrou em contacto com o Hospital Baptista de Sousa para mais esclarecimentos e ouvir a versão dessa estrutura de saúde, sobre o caso, ainda que sem sucesso, apesar da insistência. 

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