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Economia

Santo Antão: Agricultores e pecuaristas antevêem mau ano agrícola

As projecções agrícolas não são as melhores em Santo Antão. Os agricultores e criadores de gado na ilha já antevêem um mau ano agrícola em decorrência da fraca chuva verificada este ano. Os municípios da Ribeira Grande e do Porto Novo são os mais afectados, onde praticamente não choveu. No Paul, a situação é melhor, mas requer atenção.

O ano agrícola em Santo Antão está condicionado, caso não chova.

No município do Porto Novo, onde não choveu, a situação é mais “preocupante”. Maior município de Santo Antão e muito dependente da agricultura e criação de gado, os agricultores e os pecuaristas já estão desanimados.

No Planalto Leste, os criadores de animais já enfrentam dificuldades para salvar o gado, devido à falta de pasto, nomeadamente nas localidades de Espadaná e Moroços, conforme avança o representante Domingos Morais. A mesma situação é vivida no Planalto Norte com
a seca a ameaçar a actividade pela qual depende o sustento de várias famílias.

Produção de queijo condicionada Só no município do Porto Novo existem 500 criadores e 25 mil cabeças de gado. A falta de chuva está a condicionar o sustento desses animais, bem como a produção de queijo no Porto Novo.

Romeu Rodrigues, representante dos pecuaristas do município, antevê um ano difícil para a produção de queijo.

“Caso não chover a produção de queijo vai ser fraca, vamos ter dificuldades de alimentar o gado, devido a falta de pasto e a situação vai complicar-se para todos os criadores de gado e agricultores da ilha”, lamenta Rodrigues.

Além da pecuária, a agricultura também está de rastos.

Apesar de muitos agricultores ainda terem esperança, resiliência típica cabo-verdiana, a falta de chuva e nem previsões dela, desencoraja muitos que já dão como perdidas as sementeiras, ficando com prejuízos dos investimentos feitos.

Ano agrícola atrasado
O secretário de Estado para a economia agrária, Miguel Moura, esteve recentemente em Santo Antão para avaliar o ano agrícola e constactou que o ano “está atrasado”. Apesar de observar uma situação melhor no município do Paul, a situação do Porto Novo e da Ribeira Grande preocuparam o governante.

Os agricultores e criadores de gado pedem ao governo a olhar para a classe em Santo Antão, que já começa a enfrentar problemas, numa altura em que, além da falta de chuva, o preço do milho aumentou e se enfrenta dificuldades no abastecimento de água em algumas localidades, principalmente no Porto Novo, onde se exige o reforço do concelho com mais uma viatura auto tanque para o abastecimento de água.

No caso do Porto Novo, a Câmara Municipal, presidida por Aníbal Fonseca, já aprovou um programa para os efeitos do mau ano agrícola, orçado em um milhar de contos, no âmbito
do Plano de Investimentos Municipais para 2022.

Mitigação

Da parte do Governo, por aquilo que Miguel Moura fez saber, ainda se está a fazer o levantamento da situação agrícola no país.

Contudo, já se encontra publicado no Boletim Oficial, um programa de mitigação dos resultados do ano agrícola, orçado em 170 milhões de escudos, aprovado pelo Conselho de
Ministros.

O programa, suportado pelo Fundo de Emergência, prevê a manutenção da capacidade produtiva da pecuária, com reforço da comercialização de alimentos para o gado e mobilização
e gestão de água, ambos orçados em 25 milhões de escudos cada.

Prevê, ainda, a criação de empregos públicos nos municípios, no valor de 120 milhões de
escudos, implementados através de infraestruturas públicas.

O programa será implementado em concelhos com maiores dificuldades, em função da avaliação final da campanha agrícola.

Sabe-se, também, que o Presidente da República eleito José Maria Neves, já propôs acompanhar de perto a situação agrícola no país e as medidas do Governo em relação à matéria, bem como ajudar o governo na mobilização de parcerias para enfrentar eventuais
dificuldades.

Quadro geral
Se de um modo geral se esse é o quadro em Santo Antão, a situação não se mostra diferente
noutros pontos do arquipélago.

Depois de alguma chuva em Agosto e Setembro, Santiago e Fogo, dois importantes celeiros,
encontram-se praticamente na mesma situação de carestia pluviométrica, neste que é o quarto ano consecutivo de insuficientes chuvas.

Esta semana os serviços de meteorologia chegaram prever alguma precipitação, mas isso não aconteceu. Outubro mostra-se, uma vez mais, o mais cruel dos meses para os camponeses em
Cabo Verde.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 739, de 28 de Outubro de 2021

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