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Santo Antão

Rapper trava luta pela privacidade e habitação condigna

O rapper santantonense Cuk Tel Martelo tem travado uma luta para conseguir melhorar a habitação onde mora com a mãe. Totalmente degradada, a casa de palha, na Ribeira Grande, ameaça cair “há vários anos”, colocando em risco os moradores e as pessoas que circulam nas imediações. Além do mais, esta família tem visto a sua privacidade invadida com uma alegada decisão do tribunal em “benefício de um vizinho”.

O caso é crítico. Uma casa de palha, com paredes de barro, dá sinais de ruir a qualquer momento, como constatou o A NAÇÃO. A situação da moradia do rapper Cuk Tel Martelo e de sua mãe piorou com a pouca chuva que caiu no ano passado, entrando pela casa a dentro.

Hoje, como conta o artista, a família vive em meio ao perigo e sem alternativas para solucionar o problema de acesso a uma habitação condigna.
Apesar do caso ser do conhecimento da Câmara Municipal e de visitas já terem sido feitas, “nenhuma solução temporária” foi tomada em salvaguarda da família.

“Todos na Câmara Municipal têm conhecimento da nossa situação. Já estiveram no terreno, mas nunca apresentaram uma solução, além de nos inscrever em programas de habitação que nunca saem do papel. Inclusive eu mesmo tive de fazer o isolamento da minha casa para evitar que as pessoas andassem perto, porque a proteção civil não o fez”, denuncia Cuk Tell ao A NAÇÃO.

“Violação de direito humano”

Cuk Tel Martelo diz que o seu direito humano à integridade física e a uma habitação condigna lhe têm sido negados, colocando vidas em risco.
“De tanto conviver com o perigo perdemos o medo de morrer soterrados. Às vezes, as paredes estão instáveis e o pó começa a cair e nós continuamos lá dentro, sem medo, à espera que as ruínas caem sobre nós”, detalha Cuk Tel, longe de exageros.

A luta do rapper, António Pedro nome de registo, de 26 anos, é movida pelo “amor à mãe” e pela vontade de proporcionar estabilidade à família que vive em meio a aflição.

“Eu prometi à minha mãe que vou ajudá-la e não vou parar. Todos os dias, a luta é a mesma: sair e tentar voltar para casa com melhores notícias e com esperança de ver minha mãe em condições melhores. Eu lutarei até onde for possível e se eu cair será entre as ruinas, na luta para defender o que é justo”, diz.

Em busca da privacidade

Contudo, a luta do rapper e de sua mãe vai além de conseguir uma habitação condigna. A luta é também por privacidade após uma alegada decisão do tribunal em “benefício” de um vizinho.

Como conta o nosso entrevistado, o Tribunal da Comarca da Ribeira Grande permitiu com que um vizinho seu passasse a entrar na sua casa, “violando a privacidade da família”, para poder ter acesso a uma outra moradia construída atrás da casa do rapper.

“Fomos obrigados pelo tribunal a oferecer a chave do nosso portão para que a outra família passasse a andar no nosso quintal, perto da nossa ‘casa de banho’, para terem acesso a casa deles, construída num local sem acesso. A nossa paz caiu por terra. A nossa paz foi substituída por frequências estranhas na nossa casa”, volta a denunciar Cuck Tell Martelo, pedindo solução para as duas problemáticas apresentadas.

Videoclipe

A história de Cuk Tell e de sua mãe na luta por uma habitação condigna e por privacidade é contada pelo próprio rapper na música “Kastel d’Palha”, registada em videoclipe, disponível no canal de youtube do artista.

Para esta reportagem, A NAÇÃO tentou, várias vezes, entrar em contacto com a Câmara Municipal da Ribeira Grande a fim de conhecer o que a mesma tem a dizer sobre o assunto ou quais as políticas da
autarquia para esta e outras famílias em situação de vulnerabilidade. Infelizmente, apesar das nossas tentativas, ninguém atendeu o telefone, nem sequer a assessoria de comunicação da mesma.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 759, de 17 de Março de 2022

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