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Cultura

“Mudjeris di Areia” de Mário Cabral exibido hoje na Praia

 “Mudjeris di Areia”, uma curta-metragem do realizador cabo-verdiano, Mário Cabral, estreia esta sexta-feira, 11, na Praia, por iniciativa da Associação de Cinema e Audiovisual de Cabo Verde, com a Livraria Pedro Cardoso (LPC), depois de já ter sido exibida no Festival Oiá, em São Vicente. O filme, um dos 3 vencedores do concurso “Bodji”, retrata a história de duas mulheres que viviam na apanha de areia nas praias de Rincon, na ilha de Santiago. A sua exibição está marcada para às 18 horas, na LPC, Fazenda, Praia.A curta-metragem de 10 minutos foi um dos três projectos selecionados no âmbito do BODJI – Concurso Nacional de ideias para produção de curtas-metragens –  implementado no âmbito do Projeto Aliança DHAA, para o desenvolvimento de São Vicente, financiado pela União Europeia em Cabo Verde.“Mudjeris di Areia” retrata, segundo a sua sinopse,  a história de duas mulheres “Ana” e “Sú” que durante grande parte das suas vidas viveram da apanha de areia nas praias de Rincon, na ilha de Santiago, desafiando as autoridades e pondo em perigo as suas próprias vidas. A chegada do Projeto Raiz Azul, que recicla garrafas de vidro, transformando-as em areia, mudou a vida destas duas mulheres que se tornaram parte da solução, fazendo areia de vidro Ideia do filme Numa conversa com o A NAÇÃO online, Mário Cabral explicou como nasceu a ideia deste que é o seu segundo filme que retrata a problemática de apanha de areia. “Tinha um projecto organizado para fazer uma longa metragem sobre apanha de areia, no entanto, com outras componentes e outras narrativas. Com o concurso lançado pela  Aliança DHAA, adaptei-o para uma curta-metragem assim como o filme ‘Areias da Morte’ de 2013 que também nasceu deste grande projecto em carteira para os próximos tempos”, contou. Protagonistas, mulheres de Rincon  “Mudjeris di Areia”, gravado entre finais de 2021 e início de 2022, é, segundo o seu realizador, um trabalho que aborda a problemática da apanha de areia numa perspectiva de trabalho que engloba maioritariamente as mulheres, chefes de família que vivem desta prática. O filme é protagonizado por Solângela Pereira e Ana Pereira retratadas por “Ana” e Su, duas mulheres na casa dos 30 e 40 anos de idade que partilharam as suas vivências.Sobre a escolhe de Rincon, Mário Cabral explicou que essa comunidade piscatória já estava definida no roteiro do projecto maior a que se referiu anteriormente, considerando que esta é uma das zonas onde a apanha de areia é comum para as mulheres solteiras e chefes de família que tentam driblar o desemprego e a pobreza extrema. “Ana e Sú vivem de apanha de areia, apesar de outras ocupações. Uma delas possui, inclusive, formações em canalização, panificação e venda, capacitações atribuídas para deixar a prática. Mas, não tendo outro emprego, insiste nesta actividade que prejudica o meio ambiente. Da mesma forma, a outra personagem, também chefe de família, é uma mãe solteira que representa a terceira geração de apanha de areia, depois da sua avó e da sua mãe que viveram disso”, explicou.“Solução” para remediar a carência? Dentre os aspectos que estas mulheres têm em comum, contou Cabral, estão os problemas de saúde, nomeadamente, problemas na coluna, consequência do trabalho que fazem, além do desemprego e o facto de serem mães de três filhos. No filme e na realidade, Sú e Ana levantam da cama às 4h da madrugada para caminharem durante uma hora e meia até à praia, onde, de seguida, entram no mar para trazer um balde de areia. Fazem o mesmo percurso uma hora e meia para descarregarem. Isto tudo antes das 8 horas da manhã, altura em que tem de ter os filhos prontos para deixar na escola. As protagonistas representam assim, a vida dura das mulheres de Rincon e outras localidades onde a apanha de areia, apesar de ilegal (punido pela lei cabo-verdiana) é comum, para remediar a carência e pobreza extrema que enfrentam para criar e educar os filhos.Resenha do que está por virTendo em conta que a problemática da apanha de areia, uma prática antiga que passou a ser crime em Cabo Verde, hoje com consequências visíveis, nem tudo consegue ser abordado nos 10 minutos do “Mudjeris di Areia”.Acredita o seu realizador que esta curta metragem exibida amanhã, às 18 horas na LPC, Fazenda, Praia, é apenas uma resenha do que está por vir. “É um filme de 10 minutos e acredito que passa rápido, deixando o público com a sensação de que não viu tudo. Este aspecto é bom para não ser algo cansativo. Ao mesmo tempo, significa um aperitivo para o que está por vir em relação ao projecto maior que de certa forma, aproveitará as duas personagens para uma nova versão”, finalizou.Estreia no festival “Oiá” Depois da sua estreia oficial na última edição do festival de cinema “Oiá”, em Mindelo, esta curta metragem chega agora à cidade da Praia, por uma iniciativa da Associação de Cinema e Audiovisual de Cabo Verde (ACACV), que mensalmente faz o lançamento de filmes, em cooperação com a livraria Pedro Cardoso. A sua exibição está marcada para às 18 horas, na LPC, Fazenda, Praia.  Mário Cabral, um produtor “sensibilizado” com as causas ambientais Mário Benvindo Cabral, nasceu na ilha Brava, a 21 de Março de 1975. Licenciado em Sociologia da Comunicação, pós-graduado em produção e realização, é realizador e produtor independente de cinema documental.Os seus trabalhos, que já vão em quase uma dezena de documentários, mostram a sua preocupação com as questões ambientais.   Exemplo disso é o  seu primeiro filme relacionado ao tema “Areias da Morte”, de 2013, uma curta-metragem de 3 minutos realizada para um concurso internacional de cinema no Senegal. O filme que associa “duas catástrofes ambientais”, apanha de areia e morte das baleias numa das praias de Santiago, despertou interesse deste produtor para mais trabalhos sobre o meio ambiente, especificamente sobre animais, a fauna e a flora. No entanto, antes deste já tinha escrito o “Tarturismo” que oficialmente é o seu primeiro projecto de filmes sobre meio ambiente. “O projecto do Tarturismo é de 2010. Só que pela sua forma técnica, sendo de muitas exigências, e também por questões financeiras, demorou para sair”, contou. Além de “Mudjeris di Areia” (2022), “Areias da morte” (2013) e “Tarturismo” (2022) é também autor de “No mar de alcatraz” (2006); “Rua Banana Cidade Velha” (2007) “Na ilha do Fogo” (2010) – “Revolução dos Rabelados” (2012).

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