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Cultura

“Poetisa não, por favor”, pede Cheila Delgado

 “Poetisa não, por favor” é o nome do primeiro livro de Cheila Delgado, a ser lançado esta quinta-feira, 2, na Cidade da Praia, no salão Beijing, da Presidência da República. Este livro de estreia conta com 40 poemas que transbordam experiências de vidas da sua autora e da sociedade onde está inserida.

O primeiro livro de Cheila Delgado, “Poetisa não, por favor”, é ao mesmo tempo uma afirmação e uma recusa. Afirmação, dado que se apresenta, por essa via, como autora de poemas, e recusa, uma vez que nega o título de poetisa. Como é isso possível, lá haveremos de chegar, mais adiante. 

Natural de João Afonso, município da Ribeira Grande, Santo Antão, Cheila Delgado conta ao A NAÇÃO que a escrita foi, desde muito cedo, a sua válvula de escape, sobretudo em momentos mais difíceis.

 “Querendo ou não, os momentos menos bons nos esperam na caminhada da vida mais do que momentos bons. Este é meu sentir enquanto pessoa que escreve. Momentos maus nos inspiram muito mais. Não sei porquê, mas, se calhar ficamos tão relaxados nos bons momentos que não pensamos em eternizar na escrita”, revela. 

Formada no Brasil, como diz, esse país irmão é a sua “outra casa”, dado que sempre se sentiu inserida. “O Brasil ajudou-me muito na escrita. Mas, nesta altura escrevia mais em termos académicos, fazendo trabalhos do curso, porque nesta fase de estudante, queremos aproveitar outras coisas”, recorda.

Inspirar-se nos desafios 

No seu regresso a Cabo Verde, Cheila Delgado precisou readaptar-se à escrita, em termos linguísticos, tendo em contas as diferenças no português entre este e o outro lado do Atlântico. Afora isso, enfrentou outros tipos de pressão, como a entrada tardia no mercado de trabalho e o facto de ter regressado com um filho. Vivências que foram sendo também depositadas na escrita, a sua forma de refúgio. 

Mas, ressalva também, nem tudo o que está no livro são vivências pessoais, por se considerar uma observadora daquilo que se passa à sua volta. Além disso, como diz Fernando Pessoa, o poeta é um fingidor… 

 “Nem sempre sou objecto dos meus poemas, diferente do que pensa muita gente. Escrevi um poema que denominei ‘solidão de casa cheia’ e as pessoas ficaram preocupadas por achar que eu estava em depressão. No entanto, este poema é mais uma analogia de mostrar como é que estamos tão só em termos de sociedade, em que, mesmo no meio de muita gente, pessoas entram em depressão e suicidam-se”, exemplifica.

Desengavetar 

Apesar dos poemas escritos e engavetados, Cheila nunca antes cogitou lançar um livro. O livro, segundo diz, só se tornou realidade graças à persistência do amigo, jornalista e também escritor Odair Varela, que a incentivou a dar a conhecer ao Mundo os seus escritos.

 “Não tinha intenção de compilar em livros os meus poemas, apesar de partilhar sempre que quisesse, na minha página do Facebook. O Dai Varela foi a única pessoa que me incentivou a escrever um livro. Foi um bichinho tão perturbador, num bom sentido, que acabei por ceder”, explica. 

De nome curioso para um livro – “Poetisa não, por favor”, Cheila Delgado diz que sempre escreveu de forma livre. “Não me preocupei, em nenhum momento, com versos e rimas perfeitos nestes poemas. Por isso que não quero ser chamada de poeta… Não quero poetas de renome a chatearem-se comigo”, diz, entre risos.

Ir com calma 

 Amante da escrita criativa, quer por isso, antes de mais, levar um projecto neste âmbito às escolas e às crianças e jovens. Não descarta, ainda assim, a possibilidade de outros livros, nomeadamente uma compilação de escrita criativa com a juventude que trabalha a questão da infância. 

 “Não pretendo lançar um livro em cima do outro, mas quero encontrar um caminho para incentivar outras mulheres, outras pessoas que não estão a ter oportunidade ou liberdade, por assim dizer, de contar as suas histórias e os seus sentimentos. Escolas e universidades precisam também incentivar a área que escolhemos para escrever, quer na poesia, crónica, conto, etc.” finaliza.

 “Poetiza não, por favor” vai ser lançado na próxima quinta-feira, 2 de Fevereiro, às 18 horas, na Presidência da República, na Cidade da Praia. A apresentação estará a cargo de Vera Duarte.  

Cara do voluntariado na Geração B-Bright

Licenciada em Comunicação Social – Habilitação Relações Públicas, pela Universidade Estadual de Londrina, Brasil, além da profissão, Cheila Delgado é coordenadora da comunicação da Geração B-Bright, uma plataforma juvenil com vários projectos direccionados a esta camada.

“Fazemos muitas coisas sem nenhum financiamento, apenas com parceiros, permitindo desenvolver projectos muito interessantes”, diz, lembrando que a Geração B-Bright foi a organizadora do Tedx Praia 2021 – TUNUKA, mais concretamente na área de comunicação. 

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