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Economia

Santo Antão: Há famílias com dificuldades na venda de carne de porco por falta de factura electrónica

Os pequenos criadores de porco em Porto Novo, Santo Antão, têm enfrentado dificuldades para vender esse tipo de carne no mercado devido à solicitação de factura electrónica. Acostumados a vender em média um porco por ano, vêem-se agora confrontados com pedidos de factura electrónica anual para a emissão de apenas um recibo.

Muitas famílias criadoras de porcos em Porto Novo, Santo Antão, têm enfrentado dificuldades para vender esse tipo de carne aos mini e supermercados. Isto porque, com a obrigatoriedade na emissão de facturas electrónicas, muitos desses estabelecimentos já não compram carne aos pequenos criadores, deixando-lhes sem essa fonte de rendimento.

Neste caso, por aquilo que o A NAÇÃO apurou, tem sido pedido aos produtores a criação de uma factura electrónica individual para proceder à operação de compra e venda, pelo menos nos mini ou super-mercados, já que, porta-à-porta, são poucos que solicitam a factura.

No entanto, o custo pago pela factura anual, como defendem alguns criadores ouvidos por este jornal, não compensa para quem tem apenas um ou dois porcos para vender. É o caso de Manuel Brito, que está descontente por ter de criar uma factura electrónica, sendo que não faz trocas comerciais com frequência e tão-pouco está capacitado com esse tipo de “modernismo”.

Sem meios

Além do mais, para a emissão do documento são necessários meios materiais, como acesso à internet e um dispositivo electrónico, coisa que muitas famílias e pequenos criadores não possuem. No seu dia a dia, já se dão por satisfeitos por conseguirem criar o animal no fundo do quintal, na expectativa da sua venda, reforçando com isso o seu fraco orçamento doméstico e familiar.

Assim, os pequenos criadores contactados pelo A NAÇÃO consideram que solicitar uma factura para a venda de apenas um porco, por exemplo, é “empobrecer” ainda mais as famílias. “Na cabeça de quem isso faz sentido?”, pergunta um criador, que diz não saber como entrar num computador e muito menos como fazer a tal de “e-fatura” exigida agora pelos seus clientes.

Assim, dizem que vão ter de vender de forma ambulante, sem compradores fixos, em vez dos mini e supermercados que apesar de terem interesse na carne, não podem comprar sem factura electrónica.

A factura electrónica é um documento de prova de troca comercial, exactamente igual à factura em papel e desde 2022 tem sido obrigatória. A implementação da e-fatura começou com um projecto piloto, ao qual seguiu uma fase de adesão voluntária, estando agora em vigor a adesão obrigatória.

A e-fatura faz parte da modernização das receitas do Estado, e representa um ponto de viragem na transformação do sistema da administração tributária de Cabo Verde, mas também para os contribuintes com a introdução de novos métodos de controlo, melhoria da transparência e fiabilidade da informação.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 809, de 02 de Março de 2023

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