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Política

Nova Iorque: Sede da Embaixada de Cabo Verde à venda por menos de metade do preço da avaliação

O edifício que alberga a Embaixada de Cabo Verde nas Nações Unidas, em Nova Iorque, está à venda por menos de metade do valor da avaliação da sua avaliação. Com isso e com o tempo, o Estado cabo-verdiano poderá ter que gastar mais com o aluguer de um escritório e de uma residência para o embaixador, nos arredores de Nova Iorque.

A sede da Embaixada de Cabo Verde em Nova Iorque está a venda. O anúncio dessa operação está no site uma agência imobiliária Zillow, pelo preço de 13 milhões de dólares.

A NAÇÃO contactou, a propósito, o director nacional do Património do Estado no sentido de conhecer os meandros desse negócio, mas Francisco Moreira disse desconhecer o assunto. Garantiu-nos, no entanto, que iria contactar os Negócios Estrangeiros para se inteirar do processo e que depois poderia voltar a falar connosco.

Um “mau negócio”

De acordo com um diplomata que conhece muito bem o edifício onde a Embaixada cabo-verdiana numa das metrópoles mais caras do mundo está instalada, há mais de 40 anos, “está-se perante um mau negócio”.

O nosso interlocutor diz estranhar o valor de 13 milhões de dólares para o edifício situado numa zona nobre de Manhattan. “Há já alguns anos esse imóvel foi avaliado em 30 milhões de dólares”.

Para além do preço “aquém do valor de mercado”, o Estado pode vir a comportar altos custos com o aluguer de um escritório para a instalação da Embaixada em Nova Iorque, assim como a residência do seu representante nas Nações Unidas.

“Mas o principal problema não é vender por esse preço. A questão agora é alugar um escritório, perto das Nações Unidas, onde só o condomínio chega a 10 mil dólares. Há uns anos foi feita uma projecção de despesas e tinha-se apontado, na altura, que seria muito melhor que se conservasse o edifício, fazendo a sua manutenção, do que estar a vendê-lo”, defende.

Comprado no tempo de Amaro da Luz

Situado numa das zonas mais nobres e caras de Nova Iorque, Manhattan, o imóvel foi adquirido por dois milhões de dólares, nos primeiros anos da independência, quando Amaro da Luz chefiava essa representação diplomática junto das Nações Unidas.

Contudo, ao fim de vários anos, e por falta de conservação, o edifício encontra-se em avançado estado de degradação. E, para a sua reabilitação, são necessários alguns milhões de dólares, razão que terá pesa do na decisão do Estado cabo-verdiano para a sua venda.

Consoante um outro diplomata que exerceu funções em Nova Iorque e conhece a história da diplomacia cabo-verdiana, “foi Amaro da Luz que conseguiu a compra desse fabuloso prédio numa das zonas mais invejáveis de Nova Iorque. É um prédio antigo, mas sólido, com uma fachada deslumbrante, que é utilizada muitas vezes como cenário de filmes”.

O nosso interlocutor destaca ainda que Cabo Verde conseguiu adquirir o prédio, logo após a independência por dois milhões de dólares, “com muito sacrifício para o orçamento do Estado” na altura. Quarenta anos depois o imóvel não parou de se valorizar não pelo que apresenta ou representa, mas sobretudo por causa da sua localização.

O mesmo diplomata também acha que 13 milhões de dó- lares como preço do imóvel “é muito pouco”, porquanto, uma avaliação feita há cerca de 10 anos apontava um valor entre os 25 e os 30 milhões de dólares, o que por si dá ideia do património ora em causa.

Acho que nós não deveríamos vender esse prédio”, porquanto o seu valor não é apenas o prédio em si. “Esse pré- dio, pela sua localização, dá- -nos prestígio junto das Nações Unidas e junto das outras representações diplomáticas, e por isso deveríamos fazer tudo para preservá-lo”, aconselha.

Não é a primeira vez

Esta não é a primeira que o Estado cabo-verdiano se vê obrigado a desfazer-se de parte do património imobiliário que foi adquirindo, principalmente, nos primeiros anos da independência. Também em Washington, nos anos 1990, a Embaixada e a residência do embaixador estiveram também à beira de serem vendidos. Aqui, diante das críticas, a solução passou por vender uma parte do terreno circundante ao imóvel, também bem situado.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 826, de 29 de Junho de 2023

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