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Convidados

Ser Democrata, vs, “ser poder” ou “ser oposição” em democracia (Final )

Aos meus amigos Jorge e Simão, pelas as nossas gostosas Tertúlias, onde arejamos as asas, sempre com muita vontade de  decolar…e talvez voar…. . com os pés no chão …  

 

.. Termino como comecei:   Trata-se de um tema particularmente sensível e de difícil abordagem. Consabido é, no nosso contexto.cv infelizmente, que a verdade,  a seriedade,  a correção, a educação, a justiça e o rigor não dão os votos  suficientes para ganhar eleições. Estes Valores existem e são preciosos na nossa idiossincrasia e vivência social.  O buraco está mais abaixo: Estamos a falar da Qualidade da Democracia que nos envolve e afeta a todos!

Haja malandragem inteligente para driblar esta disfunção. A alternância no poder acontece, porque assim permite a democracia pluralista, bem haja!  após o exercício do direito do voto, o cidadão deposita o seu destino nas mãos de uma de um programa politico  e de uma   plêiade de  atores  audazes, bem falantes  e muitas vezes imbuídos de boa fé; Estes, se forem eleitos,  começam diligentemente a debitar  produto politico de qualidade. Porém , mais vezes que desejaríamos, de permeio,  aqueles vão permitindo um número controlado de desmandos, desvios, sempre acompanhados de explicações elaborados , qb;  muitas vezes, bastaria um pedido de desculpa  e ou uma exoneração compulsiva, para acalmar as águas, e corrigir o rumo, mas por regra,  a coragem falha, pois custa muito caro ;   acho que esta constatação é  mais ou menos pacifica .

A paciência dos cidadãos, por vezes vai se desgastando e resolvem dar a confiança ao grupo “B “; Estes gostariam de ser diferentes dos antecessores, mas   ao fim do dia, na essência são iguaizinhos ao grupo “A”; somos levados a pensar, que em termos de ambições politicas legítimas, de planos e plataformas politico-programáticas,  concorrência politica,  a democracia funciona.

Quiçá, estamos em presença de um deficit reiterado de qualidade na execução por parte de alguns “comandantes  intermédios”, os tais generais de terreno estratégicamente colocados, garantes do pagamento de algumas custas  de companha, por imperativo das circunstancias, como já teria dito em artigos anteriores;  As ideologias ortodoxas, a saber a esquerda,  a direita e centro “per se” , convencem cada vez menos gente; perguntem a um jovem cabo verdeano , universitário médio,  o que realmente significa ser-se da direita da esquerda ou do centro ?

Uma resposta possível seria :  Não sei,  exatamente , mas de uma coisa tenho a certeza ,  vivo num pais socialmente desequilibrado, com muita injustiça , muita pobreza, e isso não é  bom  … tem de mudar , mas não sei como  ,.. pena!! Na realidade onde começa o social e acaba o liberal ou vice versa , num pais com o  nível de pobreza   que temos ?  Porventura é muito confortável dizer-se; “sou centrista”! Copo meio  cheio ou meio vazio?,  equidistância  da  esquerda  e direita  , tranquilidade total! a esquerda hoje não convence ,  a direita  por outro lado é considerada predatória dos coitados , sob pretexto de haver  cada vez mais pobres , e cada vez mais  riqueza nas mãos de poucos privilegiados ; o centro,  é zona de conforto para todos os cinzentos da politica;

O convite está feito:  citem  um país conotado abertamente com a  esquerda , com a direita , ou com o centro que  são exemplos acabados a seguir  para Cabo Verde?  Na realidade os países que estão bem, e recomenda-se, são  os  BEM GOVERNADOS, “tout court” ,  sem demagogia nem populismos; são aqueles que respeitam  a democracia, quer  se  esteja na  situação , quer na oposição ou  enquanto  cidadão comuns anónimos! Onde o político não tem privilégios especiais! Onde estar na politica não é poleiro para “dormideira de desamparados “à procura  de um modo vida; estar no arco do poder é sim,  privilégio para poucos,  com elevada competência, dignidade e dedicação à  causa publica; onde sociedade civil realmente existe é valorizada e permanentemente estimulada; onde os desafortunados,  diminuídos,  e  incapazes  são protegidos, sem demagogias, por ser responsabilidade comum.

Nada tem a ver com distribuição cirúrgica de comida e roupa aos desfavorecidos, em períodos especiais; nada tem a ver com lógicas torpes de suposta promoção do empreendedorismo jovem , através da venda de pastéis e “sarabudja” (como uma atriz da politica.cv, displicentemente  (oops!!) recomendara em tempo ; certamente que se arrependeu logo a seguir . É   evidente que esta receita é vendida somente aos jovens rebentos dos “plebeus”  e  coitados ; Ao cabo e ao resto,  o que nos interessa é ter um pais  onde os poucos recursos  de que  dispomos, são  bem administrados, um pais onde reina  a imaginação e a competência para criar riqueza, sem demagogias, na base do trabalho, do   esfoço individual coletivo  e da  excelência institucional.

No nosso  contexto quando há mudanças na governação do Pais , começa-se de imediato a pôr em causa tudo de vulto que os antecessores fizeram,  e a exacerbar as decisões menos acertadas de quem esteve na governação anterior ; destrói-se para, para pouco depois, sorrateira e safadamente, caírem na real e começarem a reconstruir tudo de novo  com o dinheiro de todos nós ; ora nem mais ,… este é um dos presentes da democracia de que tanto nos orgulhamos, preciosa,  indispensável , mas claramente coxa,!

Tudo isto,  acontece debaixo das nossas ventas de quatro em quatro anos; entretanto, se o humilde e iletrado cidadão destinatário  por força das circunstancias disser que os seus parcos recursos estão sendo gastos de forma incorreta, que há incúria, perda de tempo precioso,  e que  a democracia  tal qual é exercida  carece   de ferramentas e instrumentos adicionais para correção do rumo,  então será um Deus nos acuda:  Aqui d´Él Rei, atrevimento a mais ,  bolas , este pessoal não se enxerga,   fazer política não  é  para qualquer labrego ”. Enfim  a propósito deste tema , alguém   próximo e mim,  interrogou-me à  guisa   de  um pedido de satisfação : será que tu PB estás responsabilizar a democracia por estas  disfunções ? qual é ??

A resposta foi imediata : nem pouco mais menos  meu caro,  referimo-nos à qualidade da nossa democracia; a democracia constitucional em si,  não pode ser um destino, mas sim um instrumento que deve estar permanente em “manutenção ” ; Lembra o caso  do  Capitão “ costa a costa” , que navegando segundo os seus cálculos, supostamente teria chegado à ilha do Sal ,  .. mas constatou que a ilha não estava lá .,  acontece !

 

 

 

 

Péricles Barros (Cidadão)

Praia , 5 de Outubro de  2020

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