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Política

Legislativas: Ataque machista contra Janira Hopffer Almada repudiado por várias instâncias 

O vídeo de um militante do Movimento para a Democracia (MpD), que discursava no Fogo, dizendo que “lugar de mulher é na cozinha e não a cuidar dos destinos do país”. tornou-se viral nas redes sociais e já foi repudiado por várias instâncias a nível nacional.

“Trabalho de mulher é cuidar dos filhos, das panelas e não para cuidar do poder do país”, é assim que se dirige um militante do MpD às mulheres na política, em referência a Janira Hopffer Almada, durante o vídeo filmado durante a campanha na ilha do vulcão.

As declarações deste militante tem gerado uma onda de repúdio e indignação, nas redes sociais, e já levou à reacção de várias entidades e figuras da sociedade civil.

O Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade de Equidade de Género (Icieg) manifestou repúdio por todo e qualquer comportamento e atitude machista divulgado através de vídeos, cartazes e mensagens nas redes sociais.

“O Icieg aqui não está a defender um caso A, B ou C, mas todo e qualquer caso contra mulher, pois, o lugar da mulher é onde ela quiser estar. Atitudes e comportamentos machistas que não dignificam a mulher põem em causa a luta pela igualdade de género e devem ser repudiados”, declarou Rosana Almeida, presidente do Icieg.

Rosana Almeida lamentou este facto e pediu engajamento de todos, e todas, na desconstrução de estereótipos que não dignificam a luta em prol de uma sociedade mais igualitária e sem discriminação.

Por sua vez, o movimento Mulher Inspira Mulher pede demarcação política ao MpD,  das declarações do militante.

“O ato merece demarcação política e repúdio público por respeito às mulheres cabo-verdianas e à luta que tem sido feita para a igualdade e equidade de género no país e, particularmente, para a participação das mulheres na política”, reage o movimento.

As declarações indignaram também a presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina, Jassira Monteiro, do MpD, actualmente a única mulher presidente de Câmara no país.

“Foi com profunda indignação que me chegou um vídeo onde um suposto militante do MpD discursava no Fogo, com discurso machista contra as mulheres. Paralelamente, chegou-me ainda um cartoon simbolizando Ulisses Correia e Silva a dar um pontapé à líder da oposição, também com uma narrativa da mesma natureza”, lamentou Jassira Monteiro, que diz que o seu partido é “da democracia e da liberdade” e que “não compactua com atitudes machistas, sexistas e misóginas”.

Ulisses desmarca-se

Aliás, o próprio MpD, através de Ulisses Correia e Silva, como era naturalmente de se esperar, veio a público pronunciar-se sobre o caso. Na página de facebook, o primeiro-ministro reeleito afirma que o MpD tem sido um partido de mulheres e demarca-se das declarações do militante.

“Acreditamos nas mulheres, nos seus sonhos e na sua capacidade de ocupar qualquer cargo para o qual se prepararam e sonharam. Temos provas através de mulheres cabo-verdianas nos mais altos cargos aqui, em instituições e empresas pelo mundo afora.  Como presidente do MpD, e primeiro ministro reeleito, demarco-me de todo e qualquer discurso misógino, sexista e baseado em discriminações de que ordem seja em relação ao papel da mulher na construção da nossa sociedade. Somos iguais em direitos, deveres, aspirações e sonhos”, escreve Correia e Silva no Facebook.

E porque as mulheres estão, cada vez mais, a enveredar pela vida política e para evitar futuras situações do tipo o icieg está apostando na educação pela igualdade com a introdução da disciplina na “Igualdade de género” no ensino secundário.

“É uma das lutas que poderá fazer a diferença na educação dos meninos e meninas para uma geração pró-igualdade e para que não se deixe a tarefa de educar apenas para as famílias”, afirmou, sublinhando que só educando pela igualdade é que se pode “quebrar os telhados de vidros” para que a mulher possa estar onde quiser.

Apoio a mulher de “coragem”

Nas redes sociais, multiplicam-se as palavras de apoio a Janira Hopffer Almada, descrevendo-a como “guerreira”, “mulher de coragem”, entre outros.

Num post escrito em criolo, na sua página de Facebook, o internauta Luzito Veiga escreveu “quando vejo alguns comportamentos que incentivam a “violência” gratuita contra as mulheres, só por serem mulheres, menosprezando a sua condição de mulher, dizer Janira fica”.

Veiga justifica porquê: “Fica para lutar, fica porque ainda precisamos de ti, fica para quebrar tabus, fica para dar o exemplo, fica para ajudar a educar meninas e meninos. Fica porque és uma mulher de coragem. Não vás, porque se fores perdemos anos de história de combate e de sacrifício, e regredimos na educação dos meninos e das meninas”.

O internauta prossegue ainda lembrando que se Janira deixar o partido Cabo Verde vai ficar com “cinco partidos de homens, num país onde mais de 60% das empresas é comandada por homens”.

“Se fores, nunca mais eles vão entender o simbolismo de ter uma mulher no meio de 5 homens a lutar com a mesma garra e mesma pujança, carecterística de mulher valente e forte”.

Não se sabe, contudo, se o próprio MpD já identificou o militante, e se vai haver ou não algum tipo de sanções.

No próprio vídeo, ouvia-se várias mulheres, também vestindo camisolas do MpD a  rir e a aplaudir as palavras machistas do militante em questão, facto que tem sido igualmente repudiado, pois as mulheres deviam ser as primeiras a apoiar as mulher na luta pela igualdade de género, de oportunidades.

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